Ataque suicida mata 60 em cidade curda iraquiana

Por Gazeta Admininstrator

Em homem-bomba atacou uma fila de jovens iraquianos desempregados nesta quarta-feira, matando pelo menos 60 pessoas, no mais sangrento ataque dos mais de 20 empreendidos no país desde a aprovação, pelo Parlamento, da composição do novo gabinete de governo, há uma semana. O gabinete tomou posse na terça-feira.

Em número de mortes, é o mais sangrento ataque desde fevereiro, quando um carro-bomba matou 125 na cidade de Hilla, ao sul de Bagdá. O ataque de Hilla foi, isoladamente, o maior desde a invasão do país, em março de 2003, e o alvo também buscavam emprego. Exatamente como os mortos nesta quarta-feira, a maioria eram candidatados a uma vaga na polícia iraquiana.

O grupo extremista iraquiano Exército de Ansar al-Sunna afirmou que está por trás do ataque desta quarta-feira.

"Essa operação é em resposta aos nossos irmãos que estão sendo torturados em suas prisões e em resposta às infiéis forças peshmerga (combatentes curdos) que se renderam aos cruzados e se tornaram um espinho do lado dos muçulmanos", disse um comunicado que foi publicado no site do grupo na internet.

A autenticidade do comunicado não pôde ser verificada imediatamente.

O atentado desta quarta-feira foi em frente a escritórios de um partido curdo no Norte do país, que vinha servindo de centro de recrutamento da polícia iraquiana. Cerca de 300 pessoas estavam na fila. A esmagadora maioria era jovens desempregados, que haviam visto na TV anúncios convocando ao recrutamento na polícia do país - alvo preferencial dos insurgentes, bem como a Guarda Nacional e o Exército, todos identificados, primeiro com a administração interina e os EUA e agora com o novo governo, o primeiro eleito democraticamente em 50 anos, e os EUA.

Seguranças e testemunhas descreveram cenas de horror diante do escritório do Partido Democrático do Curdistão.

- Eu estava esperando na fila para registrar meu nome na força policial. Tudo que posso lembrar é uma grande explosão vinda de trás, que me levantou do chão - conta Abdul-Razaq Sarmab, de 17 anos, no leito do hospital, onde se recupera de ferimentos causados por estilhaços. - A cena era como um abatedouro, com corpos em todo lugar, cabeças, mãos, olhos. Foi terrível. Os que estão fazendo isso são animais, porque tudo isso é contra o Islã.

Um representante do Ministério da Saúde em Arbil disse que pelo menos 60 pessoas morreram e 150 ficaram feridas. Um comunicado do Ministério da Defesa fala em 45 mortos e 16 feridos. Mas, segundo fontes de hospitais, citadas pela CNN, o número de mortos pode chegar a 90.

O banho de sangue deu-se um dia após a posse do novo governo e três meses depois das históricas eleições, celebradas na esperança de que ajudariam a trazer estabilidade e segurança ao Iraque. Xiitas e curdos saíram vencedores das eleições. A minoria sunita, que dominava o país no período de Saddam Hussein, teve o pior desempenho. Os EUA haviam alertado que a demora na formação do governo, devida ao impasse em torno de que papel seria dado aos sunitas - até agora não resolvido, porque alguns ministros permanecem interinos - poderia fortalecer a insurgência, que, depois das eleições, pareceu aturdida.

Os políticos iraquianos acusam os rebeldes de tentar desencadear uma guerra civil, com atentados planejados para aumentar as tensões sectárias e étnicas. O norte, dominado pelos curdos, é uma região relativamente mais calma do que outras no país, onde atentados e tiroteios tornaram-se rotineiros.

Com o novo ataque, passa de 200 o número de mortos em atentados no país desde sexta-feira, numa leva de ataques aparentemente desencadeada pela aprovação, pela Assembléia Nacional, da composição do novo gabinete, um dia antes.