Atenção passageiros de férias para o Brasil: se preparem para o caos dos aeroportos!

Por Gazeta Admininstrator

Quem está preocupado com as condições dos aeroportos brasileiros para receber as centenas de milhares de visitantes na Copa de 2014, deve antecipar, em muito a sua agonia.

Muito antes dos eventos Copa e Olimpíada (em 2016), o estrangulamento e caos dos principais aeroportos do Brasil será motivo de muita vergonha e agonia, não só para os que visitam, mas principalmente para os brasileiros que seguem representando 75% dos que viajam de/e para o nosso país.

Isso porque, pelo que acabamos de vivenciar, a temporada de férias que vai de junho a agosto, já neste 2011, será um “teste de tortura chinesa” para milhares de brasileiros e estrangeiros que transitarão por nossos terminais.

Subdimensionados, arcaicos ou simplesmente inoperantes, os aeroportos nas maiores capitais do Brasil representam o pior cartão de visitas (já na chegada) que um país que se pretende ser internacional e turístico – sem falar em nova potência econômica mundial – poderia expor.

Com justa razão, nós brasileiros nos entusiasmamos com o progresso econômico do país – não necessariamente um progresso social equânime – e sim, nos orgulhamos de, em algumas áreas, o Brasil ter superado sua sina de “deitado eternamente em berço esplêndido”.

O hino é lindo, a ideia no verso, nem um pouco. Superamos muitos complexos e acreditamos estar na ante-sala de um Brasil forte, respeitado e do qual só se fala bem, até que se desembarca em nossas rodoviárias-aéreas.

A atrofiada estrutura física de aeroportos como Cumbica e Galeão está há anos-luz de cidades similares em países igualmente emergentes. E nem precisa falar de China, que não vai servir de parâmetro para nós. Falemos de emergentes mais “modestos” como Tailândia, Indonésia, Malásia e Coreia do Sul.

Os aeroportos nas principais cidades desses países, todos eles atualmente economias menores que a do Brasil, são espetaculares portões de entrada para os seus países.

A noção de desenvolvimento, serviço, eficiência e funcionalidade já está exposta no momento em que se chega a Bangkok, Seul, Jacarta ou Kuala Lampur.
E não é apenas na estrutura tecnológica e física que os aeroportos brasileiros se colocam entre o que há de pior entre os países “emergentes”.

Para quem acha que priorizar a construção de aeroportos de primeira linha é “luxo burguês” (e, acreditem, tem uma turma que pensa assim, ou pelo menos pensa que pensa), é importante ressaltar o papel estratégico para a economia de qualquer país desenvolvido, possuir uma malha de terminais aéreos por onde circulam bilhões de dólares anualmente.

Aeroporto de primeira é prioridade absoluta para quem quer “subir de turma”. E “subir de turma” é tudo por que o Brasil tem trabalhado tanto, não é mesmo?

Filas de mais de uma hora para um cidadão brasileiro ter seu passaporte simplesmente vistoriado, inexistência de padrões nos pontos de segurança, que vão desde o mais absoluto relaxamento em algumas cidades (um passageiro ao meu lado, gaba-se de ter passado pela segurança com inúmeros itens “proibidos”), a um rigor inusitado em outros terminais.

Nesse processo, tiro meu chapéu para os funcionários da maioria das empresas que atuam nos aeroportos.

Como são essas empresas que lidam com a insatisfação dos passageiros, são eles que acabam se “desdobrando” para reverter os aborrecimentos da longa e injustificável espera, da constante perda de voos de conexão, malas extraviadas, desinformação.

Aliás, foram muitas as vezes em que um dos pontos mais negativos no contato com os aeroportos foi quando procurei os balcões de informação da Infraero, uma empresa estatal que, sem concorrência, faz o que quer no comando dos aeroportos do Brasil.

Engraçado: a maioria dos países desenvolvidos do mundo tem seus aeroportos privatizados.

Leio que a presidente Dilma Rousseff parece ter percebido esse fato e já está entregando à iniciativa privada boa parte do que venham a ser ampliações dos aeroportos nas cidades que receberão os jogos da Copa. Antes tarde do que nunca.
Nossos aeroportos precisam ser ajustados a um novo tempo, não apenas por causa de Copa e Olimpíada, mas porque o Brasil de 2011, 12, 13 e por diante, não pode tolerar um acanhamento em uma das áreas de infraestrutura mais estratégicas.

E a maior razão de todas não é o “público externo”.
Com a inquestionável ascenção de uma classe média baixa emergente no Brasil, viajar de avião está se tornando tão comum para uma ampliada quantidade de brasileiros que, sim, merecem aeroportos decentes.