Atitudes imbecis

Por Gazeta Admininstrator

Ultimamente, o aparecimento em “blogs”, matérias de Internet, jornais e TV, de depoimentos de brasileiros que vivem no exterior. Em que pese uma substancial maioria de depoimentos carregados de emotividade, preservem um mínimo de reverência e respeito às duas nacionalidades, brasileira e norte-americana, há um número crescente de vozes desequilibradas e rancorosas.

O primeiro desses grupos é formado por brasileiros que imigraram para os Estados Unidos, aqui encontram oportunidades de trabalhar, sobreviver com muito melhor condição de vida do que no Brasil e que, apesar de se beneficiarem dessas oportunidades, seguem “odiando” e “avacalhando” o país, o povo, as instituições e o sistema norte-americano. Esse é o grupo que jamais respeitou a recomendação em não se “cuspir no prato que se come”. E não são poucos. São incovenientes, desagradáveis e quase sempre muito ignorantes quanto a tudo e todos.

O segundo desses grupos é formado por gente que vive uma pseudo-realidade digamos, “diametralmente oposta”. Tendo conquistado um padrão de vida aqui que imaginavam nunca ser possível no Brasil, desatam a se referir ao nosso país da forma mais depreciativa e negativa possível. Nada que se refere ao Brasil presta e tudo que se refere aos Estados Unidos é intocável, irrepreensível. É a outra face, mas igualmente burra e injustificável, da mesma moeda.

Num mundo e num momento em que inteligência, reflexão, bom senso e educação doméstica são luxos de alguns poucos e o culto pelo “aqui e agora” impera da forma mais selvagem e ensandecida, não é de se estranhar a existência desses dois “radicais livres” aí de cima. A verdade, entretanto, é que a maioria dos imigrantes, como eu, minha família, meus amigos e milhares (milhares mesmo) de brasileiros com quem eu convivo em todas as partes dos Estados Unidos, refletem com muita consciência o fato de que jamais deixaremos de ser brasileiros, e que o orgulho que temos de nossas origens nunca será uma “obrigação” e sim uma honra e um prazer.

Essa mesma maioria dos brasileiros imigrantes nos Estados Unidos sabe reconhecer as oportunidades incríveis que esse país segue oferecendo (mesmo após tantos endurecimentos e perseguições aos imigrantes nos últimos 12 anos) e especialmente os que têm filhos nascidos aqui, assumem a postura de honrar as duas nacionalidades.

Emocionalmente madura, essa maioria que ama o Brasil e respeita os Estados Unidos, se coloca muito acima dos anárquicos e esnobes dos grupos 1 e 2 citados anteriormente.

Infelizmente, como sempre ocorreu na transposição de ideias e imagens que retratam o imigrante brasileiro dentro da grande mídia em nosso país, os estereótipos e a ignorância farfalhante dos anárquicos e esnobes, ganha muito mais espaço nas manchetes. Fala-se muito mais dos brasileiros que avacalham o Brasil e muito menos dos imigrantes que, contra todas as adversidades, seguem celebrando nossas origens como nenhuma outra nacionalidade imigrante o faz nos Estados Unidos.

Existem muito menos brasileiros do que portugueses, italianos, gregos, russos, e tantas outras nacionalidades nos Estados Unidos. Mas, nenhum desses grupos celebra mais intensa e frequentemente nossas origens, nossa cultura e nosso “way of life” do que nós, brasileiros.

Só mesmo quem está totalmente dentro do “casulo”, isolado numa “bolha” escrevendo blogs e matérias de dentro de seus gabinetes fechados nos escritórios de Washington ou New York, sem conhecer de fato e menos ainda interagir com a comunidade brasileira, é que pode apontar os anárquicos e esnobes como “as caras” de nossa comunidade.

Mas, sempre foi assim. Parece que é “divertido” nos retratar para o Brasil, como um bando de renegados, atravessadores de fronteira, ilegais ou simplesmente “traidores”. Um sentimento que, sinceramente, dá para se desconfiar e não estaria embutido aí, uma certa frustração e sentimento de vingança, pelo fato de nós, imigrantes, independente de amarmos totalmente o Brasil e o fato de sermos brasileiros, tenhamos tido a coragem de dar um rumo diferente às nossas vidas.

O bom nisso tudo é que nenhum desses “retratos tendenciosos” tem qualquer valor a não ser acrescentar inverdades e folclore a um gesto simples: a busca por uma vida melhor ou diferente.

O tempo e a História, senhores de tudo, reserva um lugar de absoluta insignificância para quem, em vez de trabalhar, pesquisar e se ater à verdade, brinca e manipula os fatos, as vidas e as pequenas histórias de cada um.

Histórias humanas, brasileiras ou seja lá de que origem for, em busca do sonho de ser feliz, onde quer que seja.