Audiência que definiria o destino de Karla e Amy é adiada novamente

Por Marisa Arruda Barbosa

IMG_9446

Karla de Albuquerque estava com as esperanças renovadas em uma audiência na manhã do dia 22 que pediria a reconsideração da guarda de sua filha, Amy, de 7 anos, que atualmente está em custódia do pai, Patrick Galvin, em Stuart, FL.

Dessa vez, ela não estava sozinha: conseguiu a cobertura a mídia local e do Brasil e tinha a companhia de sua irmã, Karine Santos, e de Sam Webb, um senhor que a acolheu em Palm Beach, onde Karla já tem até o quarto de Amy preparado. Mas a audiência, que segundo Karla mudaria a vida de Amy, não pode prosseguir por causa da falta de documentação.

Quando a juíza do 19º Circuito Judicial da Flórida, Laurie Buchanan, perguntou se Karla tinha um intérprete e ela disse que não, o advogado de defesa de Patrick Galvin, William Hess, afirmou que a falta de um intérprete tem sido um problema no caso desde o início. “Ela diz que entende o que falamos aqui, mas depois diz que não entendeu. Meu cliente já gastou uma fortuna por causa disso”, argumentou Hess, apontando para Galvin, presente no local.

Mas a audiência não foi prosseguida uma vez que o advogado de Karla, John Chalif, não teria entregue à defesa de Galvin toda a documentação trazida do Texas, uma vez que parte dela só chegou no dia anterior. A nova audiência será em julho.

“Quero que a audiência seja prosseguida propriamente, já que isso envolve uma criança”, disse a juíza. “A defesa tem o direito de se preparar com toda a documentação existente sobre o caso”.

Visivelmente abalada, Karla lamentou que sua filha ficará com o pai, que ela acusa de abuso, por mais dois meses até a próxima audiência. “Mais uma vez eles conseguiram empurrar o caso para frente”, disse. "Mas pelo menos dessa vez eu não estava sozinha".

A documentação do Texas é referente à avaliação do Texas Department of Family and Protective Services (DFPS) e a uma suposta reabertura do caso naquele estado, para onde Karla levou Amy em 2011, saindo assim da jurisdição da filha e não cumprindo o direito do pai de visitação na época. Karla foi presa no Texas, em janeiro do ano passado, por causa disso, e Galvin conseguiu a guarda total da menina. Hoje, Karla tem direito a visitas supervisionadas uma vez por semana, mas tenta recuperar a guarda total da menina.

Defesa de Galvin

Em uma declaração à imprensa local, o advogado de defesa de Galvin, William Hess, disse que as afirmações de Karla são falsas. “Ela fez todos os esforços possíveis para manter essa criança longe do pai e ela continua fazendo a mesma coisa. As evidências mostrarão isso na próxima audiência”. Hess não quis comentar nada sobre  documentos do Florida Department of Children and Families, que teriam avaliado Amy, que ele diz que são confidenciais e não devem ser revelados.

Irmã de Karla

A irmã de Karla, Karine Santos, de 38 anos, tem acompanhado toda a história e a forma como o caso tem sido conduzido. Comparando Karla e seu ex-marido, Karina acredita que ele consiga estar em vantagem por ser um cidadão americano e já ter passado pelo mesmo processo no passado. “Karla, não é americana, não fala inglês perfeito e não tinha dinheiro para um bom advogado desde o começo. Acho que foi isso que machucou muito todo esse processo, a falta do apoio de um advogado decente que a defendesse. Desde o começo isso tem acontecido: a defesa de Galvin consegue parar o processo no começo, utilizando alguma estratégia”, disse a irmã, cuja mãe é advogada de família no Brasil. “Agora ela tem um novo advogado que eu não conheço. Temos a esperança que ele a defenda”.

O caso

Desde 2010, o GAZETA acompanha a trajetória de Karla, que acusa o pai de sua filha, Patrick Joseph Galvin, que é registrado como sexual offender no Florida Department of Law Enforcement, de ter abusado de Amy quando ela tinha três anos de idade, versão que condiz com o laudo da psicóloga brasileira, Karina Lapa.

O registro de Patrick se dá pelo suposto abuso de uma enteada e outra menina no passado. Mesmo assim, ele tem a guarda da menina desde 3 de abril do ano passado.