Áudio de brasileiro confirma esquema da travessia aos EUA via Bahamas

Por Gazeta News

lucirlei carita dos reis
[caption id="attachment_133868" align="alignleft" width="300"] Lucirlei Carita dos Reis detalhou o esquema para a entrada ilegal nos EUA pelas Bahamas para um amigo dias antes da travessia. Foto: arquivo pessoal.[/caption]

Segundo as informações de familiares, o grupo de 19 brasileiros desparecidos saiu de barco das Bahamas, no Caribe, e seguiu em direção a Miami no início do mês passado. O Ministério das Relações Exteriores informou que eles teriam embarcado no dia 6 de novembro e, desde então, não fizeram mais contato com os parentes.

Em áudios enviados para um amigo que mora em Araguaína dias antes de embarcar e divulgados pelo Jornal Nacional ontem, 26, Lucirlei Carita dos Reis detalha o esquema para a entrada ilegal.

“Lá a gente vai tudo certinho pra Bahamas como turista. E aí tem um esquema que das Bahamas lá pra Miami você vai num iate de um cara, entendeu? Tudo meio escondido assim e tal e entra lá em Miami nos portos. Só que é R$ 50 mil por cabeça. Você paga R$ 50 mil por cabeça quando chegar lá, entendeu? ”.

“Eu vou chegar lá em Bahamas domingo aí tem um cara lá que já busca a gente no aeroporto. Eu vou ficar numa casa lá que tem wi-fi, tem comida, tudo bacana. Lá é nas Bahamas, no Caribe, é uma ilha que tem do lado dos Estados Unidos. Então eu vou ficar lá porque eles têm a hora certa de passar. Eles ficam esperando tal, tal quando der a hora certa a gente passa”, disse.

As Bahamas passaram a ser consideradas um local de partida por brasileiros para a imigração ilegal em virtude da dispensa de visto para entrar no país e das dificuldades de chegar aos EUA pelo México.

As famílias dos brasileiros estão vivendo dias de angústia sem notícias dos parentes desde então.

Outros brasileiros de Rondônia e de Minas Gerais também estão desaparecidos. Pelo menos dois mineiros desparecidos identificados como: Renato Soares de Araújo, de 32 anos, eMárcio Souza, de 26.

Ambos são de Sardoá, município de 6 mil habitantes na região leste de Minas, a 335 quilômetros de Belo Horizonte, e mesma região de Governador Valadares, cidade conhecida pelo intenso movimento de emigração para Estados Unidos.

Segundo o Itamaraty, a embaixada brasileira em Nassau, capital das Bahamas, está em contato constante com as famílias, com autoridades do país caribenho e com os Estados Unidos.

Equipes de resgate realizambuscas em toda a região. A possibilidade de prisão dos 19 brasileiros nas Bahamas também não está descartada, mas até o momento, não foram encontrados registros de brasileiros na penitenciária das Bahamas.

O Itamaraty divulgou nota ontem, dia 26, explicando que, assim que soube do desaparecimento do grupo de brasileiros que tentava entrar ilegalmente pelo mar nos Estados Unidos, informou “imediatamente” a Polícia Federal, as autoridades migratórias, policiais e as guardas costeiras bahamenses e norte-americanas.

O Ministério das Relações Exteriores esclareceu que parentes dos brasileiros que fariam a travessia marítima entre as Bahamas e os Estados Unidos comunicaram o desaparecimento deles em 15 de novembro. O último contato do grupo com os familiares havia sido no dia 6 daquele mês.

Pagamento aos coiotes

Além dos R$50 mil reais citados no áudio por Lucirlei, outro valor, de $20 mil dólares, também foi citado por familiares de um outro brasileiro. Ivanilza Jesus Santos, irmã de um dos desaparecidos, Arlindo de Jesus Santos, natural da cidade de Rondon do Pará, disse que o irmão até vendeu um carro para ajudar no pagamento dos $20 mil dólares. O paraense moraem Belo Horizonte e já havia sido deportado depois de oito anos morando nos Estados Unidos. Essa era a terceira vez que ele tentava entrar no país.

As autoridades trabalham com duas hipóteses: os brasileiros podem estar escondidos em cativeiro em algum lugar nas Bahamas ou o barco naufragou em alto mar no caminho para a Flórida.