Aumenta o cerco aos indocumentados na Flórida

Por Arlaine Castro

florida immigrant coalition video
[caption id="attachment_160371" align="alignleft" width="368"] Foto: US Border Patrol.[/caption] As mudanças eou reforço nas ações das agências de imigração no que tange à política imigratória de caça aos indocumentados estão ficando cada vez mais visíveis em todo o país e na Flórida não tem sido diferente. Seja por abordagens em ônibus ou no trânsito, as fiscalizações têm aumentado no estado. Só nas duas últimas semanas, ao menos três imigrantes que viajavam em ônibus intermunicipais e que estavam ilegalmente no país, foram detidos por agentes do US Border Patrol. O assunto ganhou repercussão pelo vídeo divulgado de uma jamaicana sendo detida dentro do ônibus em Fort Lauderdale a caminho de Orlando, há menos de 15 dias. E logo depois mais dois imigrantes foram detidos da mesma forma vindos de Jacksonville para Miami. O fato trouxe à tona a discussão sobre a autoridade dos agentes para as abordagens em ônibus. A ação á legal e baseia-se na Lei de Imigração e Nacionalidade 287 (a) (3) e copiada no 8 Código de Regulamentos Federais (CFR) 287 (a) (3), que afirma que “os Diretores de Imigração, sem um mandado, podem a uma distância razoável de qualquer limite externo dos Estados Unidos entrar e buscar estrangeiros em qualquer navio dentro das águas territoriais e qualquer vagão, aeronave, transporte ou veículo. A 8 CFR 287 (a) (1 ) define distância razoável como num raio de 100 milhas (cerca de 160 km) do limite territorial. Para esclarecer sobre as recentes abordagens, o Gazeta News entrou em contato com a agência do U.S. Customs and Border Protection da Florida, na terça-feira, 30, e, por meio da porta-voz, Keith Smith, obteve a confirmação das ações dos agentes “como parte da rotina de operações executadas em centros de transporte dentro do estado da Flórida com o objetivo de impedir que imigrantes indocumentados entrem e permaneçam nos Estados Unidos”. Além disso, Smith salientou também que as ações visam também impedir o tráfico de drogas e de seres humanos. “Essas operações são realizadas em locais estratégicos e servem como condutas para impedir o tráfico de narcóticos e de seres humanos, impedindo as organizações criminosas de explorarem ainda mais este meio de transporte. As operações de execução nos polos de transporte servem como um componente vital dos esforços de segurança nacional da Patrulha da Fronteira dos EUA”. A US Border Patrol também tem autoridade legal para operar em postos de controle, os chamados “checkpoints”, tanto temporários como permanentes, para questionar os ocupantes dos veículos sobre sua cidadania, solicitar um documento que comprove o status de imigração. Brasileiros E um dos casos mais recentes de agentes em ônibus, uma brasileira estava entre os passageiros que aguardavam ônibus para seguir para Orlando na estação de Greyhound em Fort Lauderdale, às 5h50 da manhã da última sexta-feira, 26, quando agentes apareceram e fizeram revista em todo mundo. Silvia Ferreira, 35 anos, está na Flórida a passeio, e contou ao GAZETA NEWS que “deu um pouco de tensão”, mas que ficou tranquila por ter o passaporte em mãos e estar somente por uns dias como turista. “Eles estavam pedindo documentos a todos. Como o ônibus estava vindo de outra cidade, os mesmos agentes entraram e solicitaram a ID para aqueles que já estavam dentro do ônibus também. Fizeram a revista, mas não levaram ninguém, porque não havia nenhum indocumentado”, disse. Ainda na semana passada, na noite do dia 23, passageiros de um ônibus Greyhound vindo de Jacksonville sentido Miami também foram revistados na parada em West Palm Beach e dois imigrantes que estavam ilegalmente no país foram detidos. Uma outra abordagem foi com um cidadão da Guiana. Coincidentemente ou não, há menos de duas semanas a cidade de West Palm Beach recebeu uma carta do Departamento de Justiça exigindo mais cooperação com os agentes de imigração. Brasileira detida pelo ICE em Boca Raton é solta sob fiança de $25 mil Até mesmo as detenções de indocumentados ficaram mais frequentes na Flórida. A brasileira Iris Fernandes Teixeira foi detida por agentes da imigração no sul da Flórida em maio de 2017, e ficou durante oito meses no Broward Transitional Center, em Pompano Beach, sendo solta na última terça-feira, 29, mediante pagamento de 25 mil dólares de fiança e vai responder o processo em liberdade. “Caça” aos indocumentados Nesta semana também foi divulgado que o U.S. Immigration and Customs Enforcement (ICE) passará a checar placas de carros nas ruas na busca por indocumentados, usando o mesmo sistema que agentes da polícia que usa um banco de dados com mais de 2 bilhões de informações de licenças automotivas nos Estados Unidos. Também obedecendo aos movimentos políticos da administração Trump, agentes de imigração intensificam a fiscalização em restaurantes e postos de trabalhos. Recentemente, dezenas de lojas do 7-Eleven em todo o país sob suspeita de contratação de imigrantes indocumentados foram vistoriadas pelo ICE. No sul da Flórida foram 5 lojas. Em contato com a agência do ICE na Flórida, a informação obtida quanto às ações de busca e apreensão de indocumentados é de que se trata de “cumprimento de ordens superiores” conforme estipulado pelo presidente com relação à segurança nacional. Advogada de imigração na Flórida há 24 anos, Ingrid Domingues ressalta que sempre orienta aos clientes indocumentados para evitarem circular em ônibus, trem e avião. “Hoje o que está acontecendo é que o presidente tem dado ordem à imigração para "fazer o trabalho deles" que, embora seja muito difícil para as pessoas , o trabalho deles é procurar imigrantes indocumentados”, salienta.