Aumentam mortes infantis por afogamento durante a pandemia

Por Arlaine Castro

baby car foto flickr-Chris and Kris
“Fui ao banheiro e quando voltei, ele não estava” Casos de acidentes e fatalidades do tipo não são incomuns na comunidade brasileira, infelizmente. Foi assim, numa piscina no quintal de casa, que a brasileira Martha Batista viveu um susto muito grande com o filho Derek, 4 anos, em Longwood, no condado de Seminole, região central da Flórida, em 2019. A gaúcha relembra que estava sozinha em casa e num minuto que foi ao banheiro, tudo aconteceu. "Eu estava fazendo comida e o Derek assistindo TV. Eu fui ao banheiro e quando voltei ele não estava. Procurei pela casa toda. Na garagem, embaixo de tudo. E como ele não abria a porta dos fundos de casa, a piscina foi o último lugar que eu fui olhar”. Ela encontrou o filho caído na piscina. “Eu o encontrei desacordado. Tirei ele da piscina, corri com ele nos braços para a frente de casa e comecei a fazer os primeiros socorros enquanto gritava por ajuda. Foi uma situação bem difícil, aquele momento de desespero você nem pensa em nada. Foi quando um senhor passou e entrou na garagem onde eu tava. Ele chamou a emergência Foi muito difícil ver meu filho praticamente morto. Meu coração tava dilacerado”, relembra emocionada. Segundo Martha, o filho, que tem síndrome de down, ficou dois em observação no hospital. Durante esse tempo, ela foi afastada dele enquanto a polícia investigava para comprovar se tinha sido realmente um acidente. “Foi feita a perícia em casa e comprovado que foi acidente. No dia seguinte, foram colocadas travas nas portas em cima, fora do alcance dele, e a proteção na piscina. Pois se não fosse assim, meu filho não poderia ser liberado pra voltar para casa”, relata. E deixa o recado a outras mães e pais: “Minha história não é engraçada, mas é real. Acho importante aqui na Flórida termos noções disso e que todo cuidado é pouco. E aprendi. Hoje, se vou no banheiro, levo ele junto”, finaliza emocionada. [caption id="attachment_202946" align="alignleft" width="267"] Foto ilustratriva: FlickrChrisandKris.[/caption] Mortes dentro de carros Por outro lado, o número de fatalidades de crianças esquecidas dentro de carros sob o forte calor da Flórida diminuiu. Até agora, este ano, 11 crianças deixadas em veículos em todo o país morreram, com seis até agora neste verão. Apenas uma delas estava na Flórida - uma criança de 10 meses em Clewiston em 28 de maio, segundo a kidsandcars.org. Embora mortes dentro de carros quentes sejam relatadas em todos os meses do ano nos Estados Unidos, julho é o mês de maior número de mortes. A maioria das fatalidades ocorre em crianças de 3 anos ou menos. O meteorologista Jan Null, especialista nacional em carros quentes que acompanha as mortes desde 1998, disse que ocorrem em média 39 mortes por ano e a Flórida fica em segundo lugar nas mortes por carros quentes, logo atrás do Texas. "Muitas pessoas não percebem a rapidez com que o calor de um carro aumenta, chegando a 67% mais quente do que a temperatura externa em apenas 20 minutos", diz o especialista. As temperaturas não precisam estar em 90°F para causar insolação infantil. Em abril, uma criança de 5 anos morreu em um carro no Texas quando a temperatura estava em apenas 78°F. Porém, com a pandemia, tem havido uma mudança com relação a esse tipo de acidente. De acordo com kidsandcars.org, em um ano típico, 25% das mortes por carros quentes ocorrem quando uma criança entra no veículo por conta própria. Este ano, esse número saltou para 55%. A maioria dessas tragédias acontece em casa. Como evitar O site Noheatstroke.org fornece dicas valiosas sobre a proteção de crianças, incluindo:
  • Nunca deixe uma criança sozinha por um minuto sequer dentro de um veículo
  • Cheque o banco de trás antes de sair do carro ou coloque um brinquedoobjeto ou nota no banco da frente para lembrar que a criança está no banco de trás.
  • As crianças sempre devem ser alertadas de que os carros não são local para brincar.
  • Lique para o 911 se vir uma criança sozinha dentro de um veículo.