Eleição: Maior número de imigrantes eleitores pode influenciar resultado

Por Gazeta News

[caption id="attachment_108636" align="alignleft" width="300"] Houve aumento de 32% nos pedidos de naturalização entre março e junho deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo pesquisa. Foto: Reuters.[/caption]

Boa parte dos imigrantes nos Estados Unidos está se naturalizando também com o intuito de poderem votar na eleição para presidente em novembro.

Os imigrantes naturalizados serão cerca de 9% dos eleitores no dia 8 de novembro. Destes, 38% são pessoas que se naturalizaram na última década, com uma experiência muito recente com o sistema de imigração.

Um estudo publicado em setembro pelo professor Manuel Pastor, especialista em integração de imigrantes da Universidade do Sul da Califórnia (USC), afirma que os pedidos de naturalização entre março e junho deste ano foram 32% superiores aos do mesmo período do ano passado.

Esse aumento foi de 28% no trimestre anterior e de 14% no último trimestre de 2015. Os pedidos de naturalização tendem a aumentar em “tempos de mudança”, disse Pastor, mas esses números não são normais. Nos dois anos anteriores, o crescimento anual de solicitações foi de 2%, em média. Os Estados Unidos tornaram cidadãos entre meio milhão e um milhão de imigrantes por ano na última década.

O estudo de Pastor revela a influência desse grupo em estados-chave nessa eleição, aqueles com peso no colégio eleitoral que elege o presidente e que não estão claramente decididos. Os naturalizados são 7,8% dos eleitores no Arizona, 5,1% no Colorado, 14,8% na Flórida e 4,3% na Pensilvânia. São números importantes em Estados onde a diferença de votos costuma ser mínima.

A tendência de deixar de ser imigrante se acrescenta à mobilização sem precedentes que o candidato Donald Trump provocou no eleitorado latino, muito identificado com os imigrantes e sua falta de apoio entre a maioria dos norte-americanos que acreditam que é necessária uma reforma migratória.

Ter um candidato que insulta e ameaça os imigrantes parece que pode custar caro ao Partido Republicano no longo prazo. Além das presidenciais, eles votarão nas próximas legislativas dentro de dois anos, nas municipais do próximo ano e no conselho escolar do seu bairro. E será assim durante décadas.

Normalmente, os imigrantes interessados na nacionalidade são idosos que esperaram por causa da língua (a partir de 50 anos de idade e de 15 como residente é possível fazer a prova de espanhol), porque não podiam pagar os 680 dólares (cerca de 2190 reais) que custa o pedido ou porque simplesmente nunca tinham se dado conta de que lhes fazia falta até que começam a pensar na aposentadoria e percebem que têm mais benefícios como cidadãos.

O processo de naturalização nos EUA leva entre quatro e seis meses desde a apresentação do pedido. Isso significa que aqueles que apresentaram os papéis em maio ou talvez junho podem ser os últimos aptos a votar e influenciar essa eleição.

A brasileira Maria das Dores Silva, 37 anos, está nos Estados Unidos há 17 anos e naturalizou-se há dois. A mineira, de Governador Valadares, mora em Deerfield Beach e requereu a documentação já pensando em poder votar e participar ativamente da vida política norte-americana. “Diante da atual situação política entre os dois candidatos, vou votar na Hillary para evitar que o Trump ganhe, porque ele não tem a mesma ideia de como trabalhar a questão imigratória como a Hillary e o Obama; ele jamais vai entender a nossa realidade”, afirma.

O capixaba Eduardo Menezes, 26, naturalizou-se este ano também pensando em poder votar e registrou-se junto com mais 10 amigos e familiares. “Confesso que ainda estou indeciso. Não é porque o Donald Trump ameaçou acabar com os imigrantes que ele irá realmente fazer isso. Talvez não. Ainda estou decidindo, embora a Hillary não tenha ameaçado nosso povo”, disse.

Com informações do El País.