Aumentos de preços preocupam restaurantes

Por Gazeta Admininstrator

Por: Letícia Kfuri, com agências.

Duas importantes redes de lojas de alimentos que trabalham no atacado impuseram, na semana passada, restrições à compra de arroz, segundo informaram, em resposta à demanda global pelo produto. O preço do arroz atingiu preço record, em abril, chegando a subir 16%, em prazo de uma semana, e mais do que duplicou, ao longo do último ano.

Os proprietários de restaurantes e padarias do Sul da Flórida dizem que, dentro de pouco tempo, vão ter que repassar aos seus clientes parte dos crescentes custos do arroz e da farinha - que também duplicou desde o ano passado - ingredientes considerados básicos em restaurantes e padarias.

Ivanete Dombrowski, proprietária dos restaurantes Di Pizza e Picanha Brasil, em Pompano Beach e Boca Raton, diz que não repassou a elevação para o preço final, mas lamenta que, mais cedo ou mais tarde, terá que fazer isso. “Estamos nos mantendo no limite mas, mais cedo ou mais tarde, vamos ter que aumentar para continuar com as portas abertas”, diz Dombrowski, que optou por manter o preço na pizzaria, durante a semana, e aumentar nos finais de semana.

Ela explica que, a partir desta semana, o preço do rodízio de pizza, das terças às quintas-feiras, continuará $9,90. “Nas sextas e sábados aumentaremos um pouco”, detalha a empresária, que vende mais de 2,2 mil pizzas por mês. Dombrowski acrescenta que não são apenas os grãos e seus derivados que têm subido de preço. “No Brasil vivíamos o mesmo nas épocas de entresafra. A caixa do tomate, por exemplo, está custando $50. Daqui a pouco volta para $10, ou $15, mas temos que continuar comprando. Cada vez que o nosso comprador vai fazer compras fica apavorado”, diz a empresária.

O aumento no preço da farinha representa um problema sério para restaurantes como o Anthony’s Coral Fired Pizza, por exemplo, que usa 750 libras de farinha, por semana, em suas nove lojas, instaladas desde Aventura até Palm Beach Gardens.

- Temos assumido quase todo o custo – disse Anthony Bruno – fundador da rede, com sede em Fort Lauderdale. Ele afirma ter elevado o preço de alguns pratos em seu menu, em cerca de $0,25 a $0,50. Muitos proprietários de restaurantes, no entanto, têm medo de subir demais os preços e, depois, perderem seus clientes, em um momento de lentidão da economia.

Oferta e procura
Acostumados a contar com um abundante estoque de alimentos a baixos preços os consumidores dos Estados Unidos ficaram desconcertados quando a cadeia de lojas de descontos Sam’s Club impôs um limite de quatro sacos de 20 libras, por cliente, alegando “recentes tendências de oferta e demanda”.

Seu rival, Cotsco, fez o mesmo em ou-tras lojas do País, mas não na Flórida. Na semana passada, alguns clientes do Sam’s Clube, em Miramar, mostraram preocupação. “Não estou contente com isso”, disse Conrad Jackson, morador de Miramar, que não conseguiu encontrar a marca de arroz que sempre compra. Ele, normalmente, compra bolsas de 20 libras.
Greg Cola, comprador do Cotsco para a região sudeste, com sede em Atlanta, disse que “a seca do ano passado na China, Índia e Indonésia provocou uma escassez global de arroz”.

Alguns países estão importando mais arroz dos Estados Unidos, fato que, somado à elevação do custo de transportes, provocou um aumento nos preços em nível nacional.

Apesar da crescente demanda, uma libra de arroz custa menos de $1 em muitas lojas do Sul da Flórida.

Nos supermercados Publix houve uma elevação de preços entre 30% e 60% nos preços do arroz, desde 1° de janeiro, segundo a porta-voz da empresa, Kimberly Jaeger. Ela assegura que, nas lojas Publix, não há escassez do produto. “Temos bastante arroz em nossas lojas”, disse.

Até agora não se viu qualquer racionamento de farinha, mas o preço do produto aumentou por razões semelhantes às que afetam o arroz. A safra baixa de trigo na Austrália tem sido apontada como responsável pela elevação do preço, que atingiu a marca record de $13,50, no final de fevereiro.
Motivos
A conversão de grãos em etanol tem sido apontada como um dos grandes res-ponsáveis pela elevação do preço dos grãos. Desde o início do ano, até agora, 21% do cultivo de milho dos Estados Unidos foram utilizados para produção de etanol. Apesar disso, os economistas afirmam que o combustível não é o responsável pela elevação dos preços para o consumidor final.

Produtores estariam deixando de plantar outros grãos para plantar milho para produção de etanol.

A inflação nos preços dos alimentos atingiu os níveis mais elevados desde 1990 – com um aumento de cerca de 5%, ao ano, em alguns produtos, incluindo cerveja, café e lácteos.

O Departamento de Agricultura calcula que os produtores norte-americanos vão produzir 8,3 milhões de toneladas de arroz na temproada 2008-2009, volume semelhante ao do ano passado.