Autoestima e autoconfiança

Por Adriana Tanese Nogueira

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Imagine que você tem uma pedra preciosa, não sabe quanto vale e busca um especialista para estimar o valor da pedra: é realmente preciosa? Semipreciosa? Uma simples pedra de rio disfarçada de raridade? O que realmente é? O especialista lhe dá o verdicto e você volta satisfeito ou não para sua casa. Alguém lhe deu a resposta. Você a acatou e não tem mais nada a dizer a respeito. Assunto fechado.

Com pessoas é um pouco mais complicado. Quem pode avaliar nossa qualidade? Quem pode estimar nossa essência como indivíduos, nossa identidade e emitir um valor? Quem? Nossos pais... Infelizmente, sim, começa (nessa vida pelo menos) com eles...

Mas o problema com esse método é que quem recebe tamanho poder pode usá-lo mal (até sem querer) e fazer de nós o que quiser (até sem perceber conscientemente), pois dependeremos dele ou dela para nos sentirmos “valorizados”. E isso é assunto sério.

Na ausência, muitas vezes, de verdadeira autoestima, voltamos nossa atenção para o trabalho, lá podemos realizar coisas e alcançar sucesso ou dinheiro pelo menos, que vão nos dar a impressão de termos valor, e sobretudo os outros vão pensar assim de nós. Mas que inventou o ditado que dinheiro não traz a felicidade sabia de algo que todos acabam descobrindo mais cedo ou mais tarde. Com dinheiro não se pode comprar as coisas mais importantes de nossas vidas, como amor, amigos, simpatia, sinceridade, filhos e esposa ou marido. O dinheiro sobretudo não compra a estima que temos ou não de nós mesmos.

Ter sucesso na vida é importante, faz bem não só para o ego, como é de fato uma realização de si, uma demonstração de sermos capazes – sobretudo quando o sucesso está ligado a fazer algo de bom para o mundo e não só para si mesmos. Mas para isso é preciso autoconfiança. Pode-se ter esta sem ter autoestima.

Autoconfiança é dizer: eu sou capaz. Yes, I can. Consigo fazer isso, consigo vencer os obstáculos, consigo ter disciplina e chegar lá.

Autoestima quer dizer: tenho valor e por isso sou amável. Mereço amor, consideração, atenção. Mereço receber. Mereço ser amado.

São duas coisas muito diferentes, apesar de fazerem parte da mesma questão interna da relação positiva ou negativa consigo próprios. Eu preciso de autoconfiança para me jogar no mundo, conquistar lugares e conhecimento. Eu preciso de autoestima para ter relacionamentos afetivos saudáveis, amorosos, construtivos.

Por isso, encontramos tantas pessoas que apesar de serem ótimas em suas profissões não conseguem receber amor, se sentem (e são) sós e se jogam constantemente na multidão para se esquecer de si. Encontramos mulheres que vivem fazendo de tudo para os outros e que não se dão o direito de um espaço e momento para si dentro da casa. E homens que, mesmo esgotados de trabalho, mimam a esposa para manter a ilusão de ter um relacionamento.

Para melhorar sua autoestima comece refletindo sobre isso tudo e tendo a coragem de encarar a sua própria baixa autoestima. Se não reconhecemos um problema não temos como resolvê-lo, certo? Em seguida, observe seus comportamentos e as frases que fala por aí sem querer e que traem sua baixa autoestima. Observe, reflita. Encare. O que acha? Como gostaria de mudar sua frase ou seu comportamento? Conheça-se e se pergunte o que deseja. Então, conforme as respostas forem chegando vá quebrando seus padrões, vá pondo em prática um novo comportamento, uma nova frase. Vá se permitindo.

Ter boa autoestima não é ser egoístas e não pensar nos outros, é contabilizar a si próprio quando pensa nos outros, é incluir suas necessidades, inclusive de carinho. Boa autoestima é ser gentil consigo. É tratar-se bem.