Autor de atentado contra papa diz que teve ajuda do Vaticano

Por Gazeta Admininstrator

O turco Mehmet Ali Agca, que atirou no papa João Paulo 2º em 1981, afirmou que teve ajuda de prelados do Vaticano para realizar o atentado, ocorrido na praça São Pedro. A declaração foi publicada nesta quinta-feira pelo jornal italiano "La Repubblica".

Em uma entrevista à rádio do Vaticano, o cardeal Roberto Tucci, que cuidava da organização das viagens do sumo pontífice à época, negou todas as acusações.

Agca, preso na Turquia, atirou contra o abdômen de João Paulo 2º em 13 de maio de 1981, quando o papa estava atravessando a praça São Pedro em um veículo sem proteção. Desde então, Agca deu várias versões --conflitantes-- sobre os motivos que o levaram a realizar o atentado.

"Sem a ajuda dos padres e cardeais eu não seria capaz de realizar essa ação", afirmou o turco, em entrevista ao jornal. Ele também disse que o "demônio está dentro do Vaticano". Logo em seguida, ele se contradiz ao dizer que "que ninguém no mundo" sabia sobre seus planos de tentar assassinar João Paulo 2º.

Conspiração

Agca foi extraditado para a Turquia em 2000, depois de ficar quase 20 anos cumprindo pena em uma prisão italiana. No seu país de origem, continua preso, acusado de outros crimes.

Nesta semana, vários jornais italianos publicaram reportagens que citam a descoberta de novos documentos, onde estaria registrado que a KGB [o antigo serviço secreto russo] teria ordenado o ataque, sendo organizado por agentes búlgaros, com a ajuda da polícia secreta da ex-Alemanha Oriental, a Stasi.

De acordo com os jornais "Corriere della Sera" e "La Repubblica", os documentos foram encontrados no arquivo da Stasi, e trazem o nome de Agca como o escolhido para realizar o atentado.

Há anos, especialistas e historiadores especulam sobre a participação de líderes soviéticos no atentado, já que o papa foi um dos maiores articuladores contra os regimes comunistas.