Baby, o representante da NBA na seleção

Por Gazeta Admininstrator

Dos cinco jogadores brasileiros que atuam na NBA, a liga americana de basquete, só um participou normalmente do primeiro treino da seleção, nesta sexta-feira, no ginásio do Botafogo. E logo o personagem mais controverso. O pivô Rafael "Baby" Araújo voltou ao time depois de quase três anos e um episódio traumático. Na sua passagem anterior pela seleção, no Mundial de 2002, nos EUA, ele foi pego no exame antidoping e ficou suspenso de competições da Federação Internacional de Basquete (Fiba) por dois anos, pelo uso do esteróide norandrosterona.

Neste meio tempo, Baby passou a integrar o time da universidade de Brigham Young, nos Estados Unidos, e destacou-se a ponto de ser selecionado com a oitava escolha do draft de 2004, pelo Toronto Raptors. Jogando na principal liga profissional do mundo, o jogador provou merecer nova chance na seleção brasileira.

- Foi a volta por cima. Fui pego no antidoping, mas continuei treinando forte, melhorei meu jogo e fui para a NBA. Só de ser chamado depois do que aconteceu é muito importante - afirmou Baby, que é quase um novato na seleção. - No Mundial, fui convocado de última hora. Cheguei quando o grupo já estava em Indianápolis - recorda.

A passagem no Mundial acabou frustrada pelo episódio do doping. Baby alegou que não houve má-fé, que seu erro foi usar um suplemento alimentar que continha a substância proibida pelo código da Fiba. Ainda assim, foi punido. Anos depois, não se esquivou do assunto.

- Foi uma situação em que tive de amadurecer. Se eu tivesse a informação correta na época, isso não teria acontecido. Mas, se não tivesse acontecido, talvez hoje eu não estivesse na NBA. Eu queria provar que merecia voltar à seleção, que não era um bandido - disse.

A trajetória nesse período foi árdua não apenas por causa do incidente do doping. Baby fez uma aposta: foi para os Estados Unidos.

- Fui com a cara e a coragem - disse ele, que acabou se formando em administração. - Quando não estava jogando ou estudando, trabalhei lavando carro, catando lixo. Cheguei a pensar em desistir. Tive momentos muito difíceis, como na época de Natal, Ano-Novo, em que às vezes não tinha dinheiro nem para comprar um cartão para telefonar para o Brasil. Fiquei sem ver minha família durante três anos. Só fui reencontrar meus pais e irmãos há algumas semanas e já tive que vir para a seleção.

A aposta, contudo, valeu a pena. Nos EUA, conheceu sua esposa, a americana Cheyenne, com quem tem uma filha. Selecionado pelo Toronto Raptors, jogou em 59 partidas, sendo 41 como titular. Na sua primeira temporada, teve médias discretas de 3,3 pontos e 3,1 rebotes por jogo.

- É uma transição difícil. Você sai de um time em que está acostumado a jogar, na universidade, e quando chega na NBA, é apenas mais um. Tive altos e baixos. Mas foi uma boa experiência.

Agora, com pompa de jogador de NBA, Baby deixa de ser apenas mais um para se tornar uma das referências da seleção.

- É uma geração nova, que tem futuro. Agora é jogar, ganhar conjunto e ir melhorando para conseguir atingir o objetivo, que é disputar as Olimpíadas.