Bancos brasileiros crescem com a vinda de clientes ricos para Miami

Por Gazeta News

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Miami tem sido o principal destino de brasileiros ricos tentando escapar dos escândalos de corrupção e turbulência política do Brasil. E os bancos brasileiros estão acompanhando isso.

O Itaú Unibanco Holding SA, que é o patrocinador principal do torneio de tênis Miami Open, tem como meta alcançar $12 bilhões de dólares em ativos sob gestão em private banking na cidade até dezembro, aumento de 9%. O Grupo BTG Pactual está abrindo uma unidade de gestão de ativos na cidade do sul da Flórida e a XP Investimentos CCTVM SA, que criou um escritório em Miami no ano passado, está contratando funcionários.

“Toda semana recebo uma ligação de algum brasileiro tentando encontrar uma forma de viver em Miami”, disse Carlos Gribel, chefe de renda fixa latino-americana da Andbanc Brokerage, em entrevista em São Paulo no mês passado. “No Brasil, pessoas de alta renda precisam de carro blindado e segurança. Em Miami, eles podem viver e passar suas férias mais livremente, mostrando seus barcos, carros de moda e casas”.

Essas pessoas vão precisar de gestores de suas fortunas por perto. O Itaú, que expandiu a equipe da corretora e da área de private banking em Miami em cerca de 15% nos últimos três anos, para 160 pessoas, está contratando mais cinco pessoas em 2015, segundo Frances Sevilla-Sacasa, responsável pela unidade. A XP tem cerca de 20 funcionários em Miami e planeja contratar mais cinco neste ano, segundo Bernardo Amaral, sócio. O BTG preferiu não comentar.

Os bancos brasileiros que estão crescendo na Flórida encontram o caminho aberto deixado pela saída de concorrentes internacionais, como o Royal Bank of Canada, que decidiu fechar sua divisão de gestão de fortunas na América Latina, incluindo seus negócios em Miami. O Barclays Plc, que tem sede em Londres, fechou o private banking em Miami como parte da estratégia de focar em outros 70 mercados, disse a porta-voz Kerrie Cohen. O BNP Paribas SA, maior banco da França, disse no ano passado que venderia sua unidade de private banking em Miami.

A XP, cujos clientes de gestão de riquezas têm pelo menos $200 mil dólares para investir com a firma, capitalizou com essas saídas, abocanhando clientes e funcionários de concorrentes que foram embora da cidade, disse Amaral. No início deste mês, a XP contratou Tulio Gargantini e Gabriel Jafet, ambos ex-executivos do RBC e do Barclays, como diretores dos negócios de gestão de riqueza em Miami.

O Itaú, cujos clientes da divisão de gestão de riquezas em Miami geralmente contam com mais de $1 milhão de dólares em ativos líquidos, expandiu suas operações na cidade em 2006, com a aquisição do BankBoston, que era do Bank of America Corp., e em 2007, com a compra dos ativos latino-americanos de private-banking do ABN Amro Bank NV em Miami.

Mais recentemente, o Itaú transferiu sua operação de private banking de Luxemburgo para a Suíça e a Miami. O banco possui cerca de $20 bilhões de dólares em ativos sob gestão fora do Brasil.

Residentes americanos

O Itaú não pode trabalhar com clientes residentes nos Estados Unidos hoje por questões regulatórias, mas poderá mudar tudo isso no futuro se a empresa decidir realizar ajustes em resposta ao aumento da demanda.

“Muitos clientes nossos têm apartamento ou casa em Miami e passam um tempo na Flórida, mas não um tempo suficiente para serem considerados residentes americanos”, disse Sevilla-Sacasa. “Isso pode mudar no futuro”. Fonte: Exame.