Barril de pólvora

Por Daniel Galvão

Complexo Penitenciário Anísio Jobim

A rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, esta semana, que deixou em torno de 60 mortos, revela o imenso barril de pólvora que é o sistema prisional brasileiro.

As imagens (fotos e vídeos) que circulam pela Internet chocam o país e colocam novamente o Brasil na posição de escândalo social para o mundo. O pior é que o pior ainda pode estar por vir!

Não é de hoje que a sociedade sabe que as penitenciárias brasileiras são apenas depósitos de seres humanos. Não ressocializam ninguém e ainda custam verdadeiras fortunas para os cofres públicos.

A falta de políticas públicas reais e comprometidas em transformar esse caos é notória. E há anos. Também não há pressão social verdadeira para que esses cenários de barbárie se repitam e sigam fragilizando a imagem de um país mergulhado em crises.

O que aconteceu em Manaus, infelizmente, pode se repetir em outras capitais. Números reais, ao que tudo indica, são bem maiores tanto em mortes quanto em fugas no norte do país. Quem sabe essa tragédia sirva como alavanca para mudanças?!

Até lá, entretanto, seremos obrigados a ver no noticiário que em celas onde cabem 20 presos, convivem 60 pessoas. Assistiremos ainda a guerra entre facções dentro de presídios, com intuito de conquistar ou manter cada vez mais território no crime organizado.

Aliás, a falência do sistema penitenciário nos leva também à constatação de uma Justiça deficitária e uma polícia mal remunerada e preparada para, efetivamente, oferecer segurança ao cidadão de bem.

Em tempos de inversão de valores no Brasil, desta vez é preciso concordar com organismos de Direitos Humanos e não achar normal as cenas de guerra vistas em Manaus - ainda que protagonizadas por bandidos.

A ocupação social pelo Estado em comunidades carentes, oferecendo cultura, lazer e qualificação profissional, é o caminho para a reversão desta crise humanitária escondida nas penitenciárias brasileiras.

O Brasil não pode mais ficar de braços cruzados. É tempo de novas lideranças assumirem posições importantes para conduzir o país a uma nova realidade.

É o que o Brasil espera. É o que o Brasil precisa.