Batidas da imigração prejudicam comércio.

Por Gazeta Admininstrator

A polícia, com o apoio do Departamento de Imigração, está realizando blitzen constantes das 5 hs da manhã às 11 hs da manhã, e das 5 hs da tarde à meia-noite nos Condados de Broward, Miami-Dade e Palm Beach. A informação foi confirmada à reportagem do Gazeta por uma fonte do Departamento de Imigração.

A orientação dos policiais é contactar imediatamente a Imigração caso encontre algum imigrante com carteira de motorista vencida, cancelada, sem carteira, ou com ordem de deportação expedida pela justiça.

Embora as batidas estejam sendo realizadas, na maioria das vezes, sem a presença de um oficial de imigração equipes da Imigração estão sendo mantidas de plantão nos horários mencionados, exclusivamente para atender aos chamados da polícia.

A orientação recebida pelos policiais é de deter especialmente aqueles imigrantes que têm carta de deportação ou carteira de motorista em situação irregular.

Como o Gazeta já informou anteriormente, o Departamento de Imigração prendeu na semana passada 183 imigrantes que estavam no país em condição irregular. Deste total, 130 era fugitivos, e tinham ordens de deportação emitidas por juízes de imigração. Os demais 53 eram apenas indocumentados e só foram detidos porque estavam presentes no momento da prisão.

De acordo com o diretor da operação, Michael Rozos, a operação, de fato, teve o objetivo de prender imigrantes ilegais que têm deportação decretada. Não há portanto nenhum caso de batidas indiscriminadas para prender imigrantes ilegais que não cometeram crimes.

A porta-voz do Serviço de Imigração, Deportação e Aduanas (ICE), Bárbara González, confirma que operações continuam ocorrendo, mas que não são feitas ao acaso, mas sim com base em um trabalho de investigação e de informação. “Recebemos mais dinheiro para realizar este tipo de operações e temos mais pessoal designado para buscar indivíduos que têm ordem final de deportação e se escondem”, disse González.

Conforme o Gazeta também já informou, todas as pessoas que utilizaram protocolos de pedido de autorização de trabalho emitido pelo departamento de Seguro Social para emitir carteiras de habilitação, tiveram suas habilitações canceladas e, portanto, estão sujeitas a ser detidas em blitzen de trânsito. Estas pessoas não preenchiam nenhum requisito para pedir a autorização de trabalho, mas pediram com o único objetivo de ter um protocolo que permitisse emitir a carteira de motorista.

Reflexos

Por causa das informações de que batidas estariam ocorrendo em diversos lugares onde há concentração e comércio de brasileiros, o movimento nas lojas e restaurantes brasileiros caiu em média 50%. Além disso, muitos funcionários, com medo de sair de casa, têm preferido perder o dia de trabalho.

Na Autobras o movimento de clientes, segundo o vendedor Giovani Calabra caiu em torno de 50% desde o final da semana passada quando começaram os boatos. “Tenho visto isso em todos os lugares brasileiros. No curso de inglês onde estudo os alunos não estão indo à aula com medo das batidas. Basta passar um carro que as pessoas já pensam que é imigração”, comenta Calabra.

João Oliveira, proprietário do restaurante Cozinha Mineira conta que dois de seus funcionários voltaram para casa com medo da imigração. “Quando chegou o boato eles falaram comigo e eu disse que por mim ficavam trabalhando, mas deixei por conta deles. Fiquei trabalhando apenas com duas pessoas”, conta Oliveira.

Vanderlei Oliveira do restaurante Oba-Oba diz que foi obrigado a ligar para os funcionários tranqüilizando-os. “Uma funcionária que trabalha de dia ligou dizendo que não viria com medo da imigração e tive que convencê-la a vir trabalhar, e liguei para os demais fazendo o mesmo”, explica.

A jovem Tatiana Cunha, funcionária da Total Help, conta que foi parada na quinta-feira passada em uma blitz na Federal com Hillsboro, onde supostamente haveria uma batida da imigração. Segundo ela, não havia nenhum oficial de imigração participando da blitz. “Em nenhum momento me perguntaram nada em relação à imigração, nem a minha nacionalidade. Eles apenas pediram a carteira de habilitação, vistoriaram o carro e perguntaram se havia alguma mudança no meu endereço”, conta Cunha.

Lilian Fernandes, proprietária da Padaria Brasil também confirma que o movimento de clientes caiu em 50% desde o início dos boatos. “Os clientes estão apavorados. Nossa preocupação não é apenas a dor no bolso, mas no coração por causa da pressão que estão fazendo conosco”, comenta Fernandes.

Ela conta ainda que na quarta-feira (26) dois policiais que são clientes da padaria comentaram com ela não haver pessoal suficiente para fazer este tipo de batidas, e que há muito tempo não fazem mais contato com o departamento de Imigração porque sabem que não há pessoal para dar suporte quando solicitado.

Lúcio Oliveira, do Brazilian Depot diz que a alternativa para ele, diante da queda no movimento de clientes na loja, foi fazer entregas a domicílio. “Na loja o movimento caiu por causa dos boatos, mas eu já estou experiente com isso porque acontece todo ano. Desta vez coloquei 10 carros para fazer entrega”, conta.

Max Padilha do restaurante Feijão com Arroz estima que o movimento de clientes caiu em 40% na semana passada, e que só agora começa a se normalizar. Ele conta que embora nenhum de seus funcionários tenha deixado de ir trabalhar, muitos de seus clientes que trabalham na construção civil confirmaram estar com medo de ir ao trabalho e preferem perder o dia, toda vez que surge um boato.

Comunidade hispânica

Na comunidade hispânica, centenas de pessoas deixaram de ir trabalhar, na semana passada, e preferiram não mandar seus filhos para a escola, por simples medo de sair nas ruas por causa das informações sobre batidas da imigração.

O medo de batidas contra os indocumentados fez com que muitos estabelecimentos comerciais em Miami-Dade e Broward, principalmente supermercados e restaurantes tivessem sua clientela reduzida.

Um dos setores de atividade mais prejudicados foi o da construção civil. De acordo com o jornal El Nuevo Herald, inúmeros operários confirmaram ter abandonado seus postos de trabalho por medo de cair na rede da imigração.