Batidas da imigração têm objetivo de prender imigrantes que têm deportação decretada.

Por Gazeta Admininstrator

Há pelo menos duas semanas a comunidade brasileira passou a andar com medo nas ruas por causa de boatos de que agentes da imigração estariam fazendo batidas em estabelecimentos comerciais brasileiros em busca de trabalhadores ilegais. Outra versão seria de que agentes da imigração estariam acompanhando policiais em blitzen de trânsito, e prendendo imigrantes indocumentados. Nenhum caso sequer foi confirmado. As batidas têm ocorrido sim, mas para prender imigrantes que cometeram crimes, e têm pedido de deportação decretada. Em alguns poucos casos indocumentados que não cometeram crimes acabaram sendo detidos porque estavam na hora em que as prisões aconteceram.

Como o Gazeta já informou anteriormente, o Departamento de Imigração prendeu na semana passada 183 imigrantes que estavam no país em condição irregular. Deste total, 130 era fugitivos, e tinham ordens de deportação emitidas por juízes de imigração. Os demais 53 eram apenas indocumentados e só foram detidos porque estavam presentes no momento da prisão.

De acordo com o diretor da operação, Michael Rozos, a operação, de fato, teve o objetivo de prender imigrantes ilegais que têm deportação decretada. Não há portanto nenhum caso de batidas indiscriminadas para prender imigrantes ilegais que não cometeram crimes.

A porta-voz do Serviço de Imigração, Deportação e Aduanas (ICE), Bárbara González, confirma que operações continuam ocorrendo, mas que não são feitas ao acaso, mas sim com base em um trabalho de investigação e de informação. “Recebemos mais dinheiro para realizar este tipo de operações e temos mais pessoal designado para buscar indivíduos que têm ordem final de deportação e se escondem”, disse González.

Conforme o Gazeta também já informou, todas as pessoas que utilizaram protocolos de pedido de autorização de trabalho emitido pelo departamento de Seguro Social para dar emitir carteiras de habilitação, tiveram suas habilitações canceladas e, portanto, estão sujeitas a ser detidas em blitzen de trânsito. Estas pessoas não preenchiam nenhum requisito para pedir a autorização de trabalho, mas pediram com o único objetivo de ter um protocolo que permitisse emitir a carteira de motorista.

Reflexos

Por causa dos boatos de que batidas estariam ocorrendo em diversos lugares onde há concentração e comércio de brasileiros, o movimento nas lojas e restaurantes brasileiros caiu em média 50%. Além disso, muitos funcionários, com medo de sair de casa, têm preferido perder o dia de trabalho.

Na Autobras o movimento de clientes, segundo o vendedor Giovani Calabra caiu em torno de 50% desde o final da semana passada quando começarm os boatos. “Tenho visto isso em todos os lugares brasileiros. No curso de inglês onde estudo os alunos não estão indo à aula com medo das batidas. Basta passar um carro que as pessoas já pensam que é imigração”, comenta Calabra.

A jovem Tatiana Cunha conta que foi parada na quinta-feira passada em uma blitz na Federal com Hillsboro, onde supostamente haveria uma batida da imigração. Segundo ela, não havia nenhum oficial de imigração participando da blitz. “Em nenhum momento me perguntaram nada em relação à imigração, nem a minha nacionalidade. Eles apenas pediram a carteira de habilitação, vistoriaram o carro e perguntaram se havia alguma mudança no meu endereço”, conta Cunha.

Lilian Fernandes, proprietária da Padaria Brasil também confirma que o movimento de clientes caiu em 50% desde o início dos boatos. “Os clientes estão apavorados. Nossa preocupação não é apenas a dor no bolso, mas no coração por causa da pressão que estão fazendo conosco”, comenta Fernandes.

Ela conta ainda que na quarta-feira (26) dois policiais que são clientes da padaria comentaram com ela não haver pessoal suficiente para fazer este tipo de batidas, e que há muito tempo não fazem mais contato com o departamento de Imigração porque sabem que não há pessoal para dar suporte quando solicitado.

Lúcio Oliveira, do Brazilian Depot diz que a alternativa para ele, diante da queda no movimento de clientes na loja, foi fazer entregas a domicílio. “Na loja o movimento caiu por causa dos boatos, mas eu já estou experiente com isso porque acontece todo ano. Desta bez coloquei 10 carros para fazer entrega”, conta.

Max Padilha do restaurante Feijão com Arroz estima que o movimento de clientes caiu em 40% na semana passada, e que só agora começa a se normalizar. Ele conta que embora nenhum de seus funcionários tenha deixado de ir trabalhar, muitos de seus clientes que trabalham na construção civil confirmaram estar com medo de ir ao trabalhao e preferem perder o dia, toda vez que surge um boato.