O bebê que ficou conhecido com o “Bebê do Mississípi”, nascido com HIV e tratado com medicamentos antirretrovirais logo após o nascimento, não mostrou evidências do vírus após dois anos sem tratamento, mas agora foram detectados níveis do vírus na criança, hoje com quatro anos.
O resultado inicial, que havia deixado portadores do vírus e a comunidade científica esperançosos com o que parecia uma forma extremamente promissora de tratamento desta terrível doença, trouxe decepção.
De acordo com o National Institute of Health, a criança, nascida em 2010 de uma mãe HIV-positiva, passou a receber um coquetel de três medicamentos antirretrovirais apenas 30 horas após o seu nascimento. Era um método incomum, e após 23 meses as amostras de sangue do bebê não indicavam níveis detectáveis de HIV, nem os anticorpos do sistema imunológico que indicavam a infecção ativa. A criança permaneceu livre de HIV por mais de dois anos, um período nunca antes atingido.
No entanto, durante um exame de rotina neste mês, a criança, agora com quatro anos, foi testada positivamente para o HIV. Testes genéticos mostraram que é a mesma estirpe de vírus encontrada na mãe. A criança foi imediatamente colocada em terapia antirretroviral e está tolerando o tratamento sem efeitos colaterais.
“Cura” temporária
Essa não é a primeira vez que um paciente é temporariamente “curado” do HIV e após um tempo o vírus volta a aparecer. Dois pacientes com o vírus que receberam transplantes de medula óssea não mostraram níveis mensuráveis de vírus por vários meses, embora em ambos os casos a doença tenha acabado retornando.
Em todos os casos, é uma sucessão trágica de eventos para os pacientes e suas famílias. Mas mesmo que a técnica não signifique uma cura permanente, o fato de ter mantido o bebê tanto tempo sem o vírus é bastante promissor para pesquisas no futuro.
“A ausência prolongada do vírus, na falta de respostas imunológicas específicas ao HIV, sugere que a terapia tendo sido iniciada tão cedo não apenas manteve a criança clinicamente bem, como também restringiu o número de células que abrigam a infecção pelo HIV”, explicou Katherine Luzuriaga, professora de medicina molecular, pediatria e medicina da Universidade Médica de Massachusetts.
O bebê em questão pode não ter sido curado, mas qualquer processo que permita que uma criança passe dois anos sem infecção mensurável certamente é promissor para o futuro do tratamento do HIV.