Bebê Sofia será cremada em Miami

Por Gazeta News

A mãe de Sofia, Patrícia Lacerda, informou que o corpo da bebê será cremado em Miami, já que o traslado do corpo seria ainda mais dolorido e burocrático. “E também quero ela sempre do meu lado, mesmo que sejam as suas cinzas”, disse a mãe.

Sofia, de um ano e oito meses, morreu na madrugada do dia 14, cinco meses após o transplante multivisceral. Sofia estava internada desde julho por causa de um vírus contraído após o transplante, que ocorreu em maio e passou o último mês na UTI do Jackson Memorial Hospital, em Miami.

“Não está sendo fácil ficar sem a nossa menina. Pois por ironia do destino, ela nos deixou por causa de algo que não tinha nada a ver com o transplante, pois os órgãos dela estavam perfeitos até o último momento”, escreveu Patrícia, na página do Facebook, “Ajude a Sofia”. “Iremos fazer uma cerimônia para ela, mas pode demorar uma ou duas semanas para a liberação do corpo”.

Piora

No fim de semana, o quadro da menina piorou, e a mãe, Patrícia Lacerda, postou no Facebook que apenas um milagre salvaria a vida de Sofia. Os médicos chegaram a perguntar se a família queria que os aparelhos utilizados para manter a bebê viva fossem desligados, mas a resposta foi negativa.

Segundo os médicos, os órgãos transplantados – estômago, fígado, pâncreas, intestino delgado e intestino grosso – continuavam em bom estado, mas o quadro se agravou quando uma infecção atingiu o pulmão da menina. A menina lutava contra um vírus resistente, o citomegalovirus, quando se recuperava do transplante multivisceral.

Médico brasileiro lamenta

O médico de Sofia, o brasileiro Rodrigo Vianna, chefe do setor de transplantes do Jackson Memorial Hospital, lamentou a morte da criança.

“Triste dia. A Sofia foi a primeira criança a morrer aqui em 2105. Nos estávamos do lado dela e de seus pais na hora da morte. Como médico, meio titio e pai de três filhos, a nossa profissão tem momentos lindos de cura mas também momentos de extrema dor. Jamais estaremos completamente preparados para isto”, escreveu o médico. “A Sofia e seus pais deixaram uma história de fé, esperança e luta pela vida, pelos direitos de todos nós. Ela tinha uma alegria incrível e deixará saudades. Mas a vida é assim, cheia de mistérios, obstáculos. A perda de um filho talvez seja o maior deles todos”.

“Lutamos todos juntos. Fica mais uma vez a prova de que lutamos contra algo muito maior que nós. Obrigado meu parceiro de profissão e amigo Thiago Beduschi e minha colega Jennifer Garcia pelo profissionalismo e competência. Descanse em paz bonequinha. Tenho certeza que irás arrancar um largo sorriso de Deus com tua alegria e sorriso contagiante”.

O caso

Sofia nasceu com uma doença rara chamada síndrome de Berdon, que causa problemas no intestino, no estômago e na bexiga. Os médicos estimaram que ela não passaria de um ano de vida. Porém, a menina contrariou as expectativas e comemorou seu primeiro aniversário no dia 24 de dezembro de 2014.

Como o transplante multivisceral não é realizado no Brasil, sua mãe começou então uma campanha na internet, chamada “Ajude a Sofia”, para arrecadar fundos e levar a menina aos EUA. Ao todo, a família arrecadou R$ 1,8 milhão. Mas os pais continuaram brigando na Justiça para que o governo brasileiro pagasse o valor da cirurgia, até que o Tribunal Regional Federal (TRF) determinou, em julho do ano passado, a transferência da menina para o Jackson Memorial Hospital, em Miami, especializado em transplante multivisceral.

A mãe de Sofia informou que ela e o marido voltarão ao Brasil assim que resolverem todas as questões burocráticas.