Bebês são deixados para trás em blitz de imigração

Por Gazeta Admininstrator

Cerca de 300 pessoas, em sua maioria mulheres, foram detidas durante uma blitz da imigração americana numa empresa de produtos de couro em Massachusetts, cujo dono foi acusado de contratar centenas de ilegais com o objetivo de cumprir contratos militares.

Com a prisão das mulheres, dezenas de crianças ficaram abandonadas em escolas, creches ou com babás. A Coalizão de Apoio a Imigrantes e Refugiados de Massachusetts (CEDCSM)denunciou a situação e prometeu ações de ajuda e uma vigília para as famílias afetadas.

A operação ocorreu na empresa Michael Bianco Inc., em New Bedford, que presta serviços para o Pentágono. O dono da companhia, Francesco Insolia, de 50 anos, e três de seus gerentes foram detidos depois que cerca de 300 agentes federais cercaram sua empresa por volta das 8h20 de ontem.

O procurador federal Michael Sullivan acusou Insolia de explorar os indocumentados a fim de aumentar seus ganhos a partir de uma série de contratos para produzir mochilas e casacos de segurança para soldados. Antes do contrato militar, a empresa produzia produtos em couro para marcas como Coach e Timberland.

Sullivan disse que os trabalhadores, a maioria proveniente da América Central, recebiam um salário de entre US$ 7 e US$ 7,50 por hora (considerado baixo para os padrões americanos) e que Insolia os mantinha em "condições deploráveis". De acordo com o relato do procurador, para cada minuto de atraso, um trabalhador tinha US$ 15 dólares descontados de seu salário. Se ficasse dois minutos a mais no banho ou se conversasse durante o turno, a multa chegava a US$ 20.

Segundo a diretora da CEDCSM, Corinn Williams, o número de crianças deixadas sob cuidados de terceiros pode chegar a 100. "Continuamos recebendo histórias sobre bebês que foram deixados para trás", disse ela. "Temos uma crise humanitária em New Bedford", afirmou.

O departamento estadual de serviços sociais disse estar trabalhando para que as crianças recebam um tratamento apropriado. O departamento nacional de segurança social afirmou que oito mulheres grávidas foram libertadas, assim como aquelas que estavam apenas cuidando das crianças.

De acordo com a CEDCSM, a situação poderá piorar ainda mais porque várias das mães detidas pelos agentes federais poderão ser deportadas para seus países de origem. O futuro dos filhos, neste caso, é incerto.