Belo Monte, que coisa feia

Por Gazeta Admininstrator

Desde 2010, nas questões ambientais brasileiras, um dos temas que mais tem ocupado espaço nos debates e na imprensa nacional e estrangeira é a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, estado do Pará.

Dentre os opositores dessa obra que promete construir uma hidrelétrica sustentável (mesmo desmatando e pondo em risco o equilíbrio daquela região amazônica), James Cameron, diretor dos filmes Titanic e Avatar, abraçou a causa contra o projeto que é rejeitado por grande parte da opinião pública ambientalista mundial.

Em termos técnicos, além de desmatar e modificar uma área verde, a hidrelétrica prejudicará o acesso de índios e ribeirinhos a determinados terrenos, diminuirá a pesca nos rios da região e, por fim, terá uma produção de energia elétrica que poderia ser substituída por fontes renováveis.

Segundo reportagem do portal G1, publicada em abril de 2010, Belo Monte terá capacidade instalada de 11 mil MW, o que a tornará a segunda maior hidrelétrica do país, e a terceira do mundo.

E para que as obras sejam logo iniciadas, no último dia 26 de janeiro de 2011, o IBAMA liberou licença parcial de instalação da hidrelétrica, um equívoco, pois não existe licença parcial no direito ambiental brasileiro, mas, por enquanto a empresa Norte Energia recebeu autorização para iniciar a abertura do canteiro da obra, ou seja, licença parcial para começar a desmatar.

A Norte Energia, empresa responsável por reunir os investidores, ainda espera pela licença definitiva para realizar as obras de instalação da nova hidrelétrica. Mas, podemos concluir que a concessão de uma licença ambiental confere a essa empresa uma espécie de meia-entrada no mundo da devastação, com financiamento do BNDES concedido em dezembro de 2010, no valor de 1,087 bilhões de reais.

Enquanto isso, parques nacionais e zoológicos brasileiros sofrem por falta de verba. O empréstimo foi questionado pelo Ministério Público Federal e por ONG´s ambientalistas, e a licença parcial é alvo da justiça do Pará. Com tanta hidrelétrica, potencial eólico (ventos) e solar no Brasil, ainda é necessário desmatar para gerar energia? Onde está o investimento na inteligência acadêmica e empresarial brasileira que desenvolve soluções ambientais e energéticas para o nosso país? Leia a seguir uma descrição do projeto que publiquei no site infoescola.com no ano de 2010.

O que é o projeto Belo Monte?

A hidrelétrica de Belo Monte possuirá uma capacidade para abastecer mais de 26 milhões de habitantes. O lago gerado pela usina terá 516 km² de área, inundando 51.600 hectares de floresta, deixará submerso parte do Xingu (Volta Grande) e um terço de Altamira. A instalação da usina desalojará mais de 20 mil pessoas.

Segundo a professora Sônia Barbosa Magalhães, da Universidade Federal do Pará, em análise crítica ao Estudo de Impacto Ambiental (EIMA-RIMA) de Belo Monte, a obra gerará sérias consequências:

? Inundação constante dos igarapés de Altamira, no lugar da inundação sazonal;

? Redução da vazão da água e bloqueio do transporte fluvial até o Rio Bacajá;

? Remanejamento de famílias locais;

? Alteração do regime do rio relacionado aos meios bióticos e socioeconômicos;