The BFG e Steven Spielberg, mais um sucesso dos estúdios Disney

Por JANA NASCIMENTO NAGASE

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[caption id="attachment_119811" align="alignleft" width="373"] Steven Spielberg, a atriz estreante Ruby Barnhill e o ator Mark Rylance. Foto: Jesse Grant/Getty Images for Disney[/caption]

A animação The BFG (abreviação de Big Friendly Giant) dos estúdios Disney estreia nos cinemas na próxima sexta-feira, dia 1º de julho. O filme, dirigido por Steven Spielberg, é baseado no clássico homônimo de 1982, de Roald Dahl, e conta a história da órfã Sophie, interpretada pela atriz estreante Rubi Barnhill, que encontra um gigante a quem ela chama de BFG, interpretado pelo ganhador do Oscar, Mark Rylance. Ele a leva para o país dos gigantes, onde acaba descobrindo o que ele faz para viver, que ele é o menor gigante da cidade e a alegria de ter um grande amigo.

Dito isso, pense em Disney, Steven Spielberg e Roald Dahl, uma mistura criativa para esse novo filme de fantasia incluindo esses ingredientes essenciais para uma receita que com certeza resultará em um sucesso de bilheterias. Esse é o primeiro filme que o aclamado cineasta faz com o estúdio.

Recentemente, tive a oportunidade de participar do dia de imprensa e de mesas redondas com Spielberg, Barnhill, Rylance e Penelope Wilton. Eles puderam falar sobre as personagens principais, os avanços da tecnologia quem tornaram o filme possível, a primeira cena de peido que Spielberg dirige e a dinâmica do elenco no set de filmagens.

Quando Spielberg e Barnhill entraram juntos na sala, imediatamente você poderia ver a afinidade dos dois. Ele a apresentou teatralmente, abraçando-a. Ela riu. Perguntaram a Spielberg se esta era sua primeira cena de peido que ele dirigiu em um filme. Ele riu, dizendo: “Uh, sim. Levou um bom tempo. Eu não sei. Eu acho que eu sou um pouco modesto quando se trata de flatulência. Exceto quando ele está sendo feito por gigantes ou corgies (referindo-se aos famosos cães da Rainha da Inglaterra). Eu já superei minha modéstia”. Wilton, que faz parte dessa cena, riu e lembrou das filmagens do whizzpoppers (peido, de acordo com o dicionário dos gigantes). “Você quer dizer o peido? Você está falando em peidar?”. Ela disse: “Foi um trabalho duro aquela cena, porque cada um de nós tinha que fazer a nossa própria cena do peido... a minha demorou muito! Eu não sei por quê, mas Spielberg demorou muito para falar ‘corta’! No final, eu estava praticamente com a cara bem rosa avermelhada!”.

Após as risadas, Spielberg falou sobre tecnologia e como ele encontrou o equilíbrio entre os efeitos e o coração do filme. “Bem, eu acho que na minha abordagem do BFG eu fui capaz de mostrar as duas funções. Foi possível usar a tecnologia avançada para criar uma transposição perfeita entre o genial Mark Rylance e o genial Weta (empresa de computação gráfica), como eles foram capazes de traduzir digitalmente a alma de Mark no filme na personagem principal de The BFG. Assim, todo o trabalho que fizemos foi para retornar ao básico. Eu sabia que Mark iria fazer uma trabalho maravilhoso, mas eu não queria que no fim tudo se resumisse somente na captura de movimento. Eu queria que o público pegasse essa interpretação no colo. Eu acho que a Weta cuidadosamente soube preservar o que Mark tinha interpretado a cada dia. Eles fizeram um trabalho incrível traduzindo Mark. Há cerca de 95% do que Mark e Ruby interpretaram na tela agora. E isso é porque a tecnologia de hoje nos permitiu fazer. Cinco anos atrás, eu não poderia ter feito The BFG desta maneira. Embora ele tenha admitido que estava feliz que Jaws não tinha toda essa tecnologia disponível, porque você teria visto muito tubarão. “Eu provavelmente teria arruinado o filme”, disse ele, dizendo que a “escassez de tubarão na tela” foi uma das razões para o filme ter funcionado tão bem.

Spielberg falou sobre a história. “O que realmente me atraiu na história foi o fato de que o protagonista era uma menina. Não um menino e era uma menina muito forte. Ela ia nos permitir em um certo ponto acreditar que uma garotinha de 1,20 metros de altura pode ser superior a um gigante de 7,60 metros (25 pés). Fiquei muito animado por ser a história de uma menina e que sua coragem e seus valores iriam, de certa forma, transformar um covarde em um corajoso herói, que é o que o BFG se torna no final”.

O diretor também falou sobre como ele encontrou Ruby Barnhill, cujo desempenho certamente desmente seu status de estreante. Ele disse que Ruby foi até Berlim enquanto ele estava finalizando as filmagens de Bridge of Spies e fez sua esposa Kate Capshaw conversar primeiro com ela. Quando Ruby leu o roteiro pra mim, eu fiquei louco porque eu estava à procura de uma atriz há mais de 6 meses, na verdade, mais que isso. Foram mais de oito meses procurando”.

Spielberg assistiu cerca de 150 testes de atrizes mirins de todo o mundo e disse a sua esposa que achava que o teste de Barnhill tinha sido glumptious, usando uma das palavras do dicionário Gobblefunk do filme, que significa esplêndido. Ele observou a conversa entre Capshaw e Barnhill e já a chamou para ser a protagonista antes de terminar a leitura.

Barnhill, que agora está com 11 anos, disse que ela estava animada para conhecer Spielberg, mas só sabia que ele tinha feito os filmes do Indiana Jones e E.T. “Na época, eu não sabia o quão famoso ele era”, ela riu. No entanto, ela sabia quem era a esposa de Spielberg e ficou surpresa. “No início, quando eu conheci sua esposa Kate, eu a reconheci do Indiana Jones and Temple of Doom e eu pensei ‘ai meu Deus!’. Tivemos um longa conversa e falei com ela sobre as cobras no set de filmagens porque eu tinha ouvido sobre isso ... eventualmente Steven entrou e eu estava literalmente tremendo... quando eu o conheci, a melhor coisa foi que ele me deixou tão confortável e tão relaxada que, você sabe quando você fica nervoso, é muito bom ter alguém assim para acalmar e parar de se sentir assim... e eu senti, quando eu o conheci, que eu já o conhecia por muito tempo, o que foi muito bom. Aí depois era como, ‘ai que bom’”.

Spielberg começou a rir, dizendo: “Todo mundo, quando me conhece, costuma dizer, ‘ai que bom!’”. Ele acrescentou que este é um dos cinco melhores grupo de atores que ele já trabalhou. Barnhill falou sobre seu momento favorito durante as filmagens, dizendo que foi a cena em que ela estava dentro do vegetal gigante e foi arrastada.

Para Spielberg foi a cena que Sophie e The BFG estão perseguindo sonhos. “Tivemos que construir um grande cenário. Uma grande árvore com raízes construída no chão e ela começa a correr entre ela e perseguir os sonhos. É claro que não havia sonhos lá. Apenas luzes penduradas, um divertimento que durou quatro ou cinco dias”.

Perguntamos a Spielberg se ele se identifica mais com a menina que estava perseguindo sonhos ou com a figura mais velha que estava dando sonhos. “Eu me identifico mais com a Sophie praticamente ao longo de toda a história. Sophie era uma espécie de guia espiritual através do processo de contar a história. Então, tudo passava pelo filtro da Sophie. Meus sentimentos em relação ao BFG, a evolução da sua personagem, não passou por mim”.

Mark Rylance, que ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante em Bridge of Spies, outro filme de Spielberg, falou sobre sua primeira personagem feita através de captura de movimento. “Eu não tinha ideia do que era isso e eu pensei muito sobre se deveria ou não estar envolvido, mas eu pensei, ‘ele vai saber o que é certo’”.

Ele brincou dizendo que normalmente não gosta de ver a si mesmo na tela, mas dessa vez era diferente, e ele não se importou. Rylance também falou sobre o trabalho de Spielberg com os efeitos especiais, dizendo que ficou muito estressado no início. “Ele estava realmente estressado pela complexidade técnica, que era impressionante de ver”.

Questionado se pediu algum conselho para outros atores que já tinham feito a captura de movimento, o ator respondeu rindo que tentou, mas todos eles são muito ocupados. “Tentei falar com Andy Serkis, mas é, obviamente, uma coisa tão grande agora que ele é muito ocupado. Mesmo seu amigo, que estava me ajudando a contactar com ele, disse: ‘Ele nunca me retorna a ligação!’”. Ele também disse que se inspirou a caminhada e corrida do BFG no pai de sua enteada, que é um corredor e tende a balançar seus braços junto com suas pernas, ao contrário da maioria de nós, que balança o braço oposto com a perna oposta.

Sobre como eles filmaram uma criança pequena e um gigante, mantendo o contato com os olhos, Rylance explicou que ele ficava olhando para uma boneca nas cenas em que ele estava na câmera, mas que Barnhill ficava atrás da cadeira para que eles ainda pudessem um olhar para o outro. Wilton contou que, durante a cena no Palácio de Buckingham, eles fizeram o mesmo, com Rylance em um andaime gigante para que ela ainda pudesse ver seu rosto. Ele também disse que havia um outro jovem atriz o ajudando, mas depois falou com Spielberg que gostaria de trabalhar mais com Barnhill. “Ela me fazia rir e me animava de uma forma totalmente diferente. O filme é sobre a amizade entre os dois. Acho que devemos estar sempre juntos. E a partir daí fizemos todas as cenas juntos”.

The BFG também é estrelado por Jermaine Clement, Rebecca Hall, Bill Hader e Rafe Spall. Foi escrito por Melissa Mathison, que faleceu em novembro do ano passado, e a música é de John Williams. #TheBFG

Confira o trailer do filme: