Biógrafo põe Ronaldinho acima de Maradona e de Ronaldo

Por Gazeta Admininstrator

Em tese, ele seria suspeito para elogiar Ronaldinho, já que escreveu uma biografia sobre o meia-atacante brasileiro. Mas o espanhol Toni Frieros, 42, coloca o craque do Barcelona num patamar acima de lendas recentes do futebol mundial com a credencial de especialista em contar a vida de melhores do mundo.

Editor-chefe do diário catalão "Sport", Frieros já escreveu biografias sobre Ronaldo, Rivaldo e Figo, todos premiados com o troféu da Fifa. E ninguém --nem mesmo Maradona-- o impressionou tanto quanto o gaúcho.

Segundo o jornalista, "Ronaldinho, La Magia de Un Crack", lançado no ano passado, já vendeu 75 mil exemplares, menos que os 100 mil de "Ronaldo, Esta es su Vida", publicado em 1997.

Ele conta que, pouco após publicar as obras sobre as trajetórias de Ronaldo e Figo, os dois deixaram o clube. "Espero que não aconteça o mesmo com Ronaldinho", diz Frieros.

Folha - Em que lugar você insere Ronaldinho na galeria dos grandes craques do futebol mundial?
Toni Frieros - Não vivi a época de Pelé, mas, por tudo o que vi de Maradona e Ronaldo no Barcelona, posso assegurar que Ronaldinho supera em muito os dois. O fenômeno midiático é o mesmo, mas Ronaldinho está além deles em rendimento esportivo [ganhou uma Liga, algo que os outros não fizeram] e no espaço que ocupa no coração dos torcedores. Ronaldo e Maradona foram um "boom", Ronaldinho é adorado de uma forma constante.

Folha - Como biógrafo dos dois, como você pode comparar Ronaldo com Ronaldinho?
Frieros - A grande diferença é o entorno. Ronaldo tinha o [Alexandre] Martins e o [Reinaldo] Pitta [ex-empresários do atacante, presos sob acusação de lavagem de dinheiro], que só queriam ganhar dinheiro. Ele foi para a Inter de Milão por dinheiro, Ronaldinho poderia ter ido para o Manchester ganhar mais, mas escolheu o Barcelona, onde um projeto gira em função dele. Não foi por dinheiro.

Folha - Mas em que ponto você o enquadra em relação, por exemplo, a Pelé?
Frieros - É muito difícil de dizer, porque não vi nem Pelé nem Di Stefano jogarem. Mas o mérito dele é muito maior, porque hoje o futebol é mais amplo e mais competitivo. Ser o número um hoje é muito mais difícil do que há 40 anos.

Folha - Como explica o fato de, apesar da fama, Ronaldinho se manter tão discreto, como que imune a fofocas e boatos?
Frieros - Ele está muito protegido por toda a família, os irmãos, a mãe, os primos e amigos que são quase parentes estão sempre o rodeando. Ele não vai com a cara aberta a nenhum lugar. Foi uma surpresa, por exemplo, até para mim que o conheço tanto, a notícia de que teve um filho [João, de quase 11 meses, fruto de um relacionamento com uma ex-dançarina do Faustão].