Bloomberg é favorito à reeleição em Nova York

Por Gazeta Admininstrator

Prefeito, que é republicano, atraiu apoio da maioria dos democratas
Com altos índices de popularidade e uma campanha de mais de US$ 100 milhões, financiada com recursos próprios, o republicano Michael Bloomberg deve se reeleger nesta terça-feira para o cargo de prefeito de Nova York.
"O dinheiro certamente ajuda, mas ele não explica inteiramente o favoritismo de Bloomberg," disse o diretor do Instituto de Pesquisas Quinnipiac, Maurice Carroll, à BBC Brasil.

"Ele é visto pela população como um executivo eficiente, que eliminou o déficit público, criou empregos e reduziu a criminalidade para índices recordes em Nova York," acrescentou.

De acordo com a última pesquisa Quinnipiac, principal indicador da preferência popular para o pleito, Bloomberg tem 68 pontos, enquanto o candidato do Partido Democrata, Fernando Ferrer, tem 30 pontos. Os que se declararam indecisos respondem por 8% do eleitorado.

Voto democrata

Entre os trunfos de Michael Bloomberg, dono do conglomerado de mídia que leva o seu nome, está a recuperação econômica da cidade depois dos ataques de setembro de 2001.

Além disso, o período de Bloomberg na prefeitura viu a redução em 20% dos níveis de criminalidade e a criação de mais de 60 mil empregos nos últimos dois anos. Outra realização bem vista pelos nova-iorquinos é um plano de moradia popular estimado em US$ 3 bilhões.

"Tive de tomar algumas decisões duras, mas acho que foram decisões certas", disse Bloomberg, durante o último debate eleitoral com Ferrer, referindo-se a medidas como o aumento de impostos prediais no início de seu mandato.

Na mesma ocasião, tentando explorar os pontos fracos do prefeito, como a fracassada tentativa de Bloomberg de erguer um estádio em Manhattan, Ferrer disse: "Existem duas ‘Nova Yorks’, mas o prefeito não tem feito nada a respeito".

"Em vez disso, ele gastou um bom tempo tentando fechar um acordo suspeito para o estádio de futebol do West Side, mas se esqueceu de que um em cada cinco nova-iorquinos vive abaixo da linha de pobreza."

Mas ao que tudo indica, a mensagem de Ferrer não tem repercutido junto ao eleitorado.

De acordo com o cientista político Douglas Muzzio, da City University of New York, o principal problema da campanha democrata de Ferrer foi seu fracasso em "articular uma crítica mais geral contra Bloomberg".

"Bloomberg se apropriou da agenda democrata", completou.

Distância conservadora

Uma outra razão para a dianteira de Bloomberg é a sua percepção como um candidato ideologicamente independente dos republicanos, ao gosto do eleitorado majoritariamente democrata da cidade.

"A campanha de Bloomberg tem sido altamente eficaz, a ponto de receber 60% das intenções de voto de eleitores registrados como democratas," disse Carroll.

Ao contrário da ala conservadora do Partido Republicano, Bloomberg é a favor do aborto e não se opõe ao casamento gay.

Antes filiado ao Partido Democrata, o prefeito só migrou para o Partido Republicano para obter sua indicação como candidato para a eleição de 2001.

Mais um aspecto sociológico importante para Muzzio é o fato de o governo Bloomberg ter conseguido diminuir as tensões raciais, mais altas durante o governo do ex-prefeito Rudolph Giuliani.

"O clima hoje é muito mais relaxado entre as diferentes etnias da cidade," afirmou.

Apoio brasileiro

O desempenho do atual prefeito pode ser sentido junto à comunidade brasileira, na rua 46.

"Para mim ele está fazendo um bom governo. Se continuar como está, está muito bom," disse Jorge Teixeira, gerente do restaurante Ipanema e radicado em Nova York há 22 anos.

"Por outro lado, não vejo nada de bom na campanha do Ferrer."

O vendedor José Gomes compartilha da mesma opinião. "Gosto muito dele. Bloomberg é bem experiente. Ele sempre manda uns flyers (folhetos), que eu distribuo para os clientes."