‘Brasil deveria se orgulhar’, diz órgão americano sobre condenações do mensalão

Por Gazeta News

Kátia Rabello, dona do Banco Rural, está entre os condenados no julgamento do mensalão.

O advogado Edward H. Davis Junior, representante da FraudNet, rede internacional de combate à corrupção e crimes financeiros ligada à Câmara de Comércio Internacional, disse que o Brasil deveria se orgulhar pelas condenações dos banqueiros envolvidos no mensalão.

"Foi um caso muito importante, envolvendo uma figura notória. O Brasil deveria se orgulhar, porque o mundo todo está falando disso", disse Davis sobre a condenação de Kátia Rabello no caso do mensalão, em um seminário sobre corrupção e fraude transnacional, no dia 4, em São Paulo.

"O mundo está assistindo, isso está sendo noticiado nos jornais do mundo inteiro. É importante porque o Brasil está sendo julgado", disse Davis.

Rabello, dona do Banco Rural, foi condenada no julgamento do mensalão pelos crimes de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha.

Além da banqueira, a condenação do ex-prefeito de São Paulo e deputado federal Paulo Maluf, pela Corte Real de Jersey, também foi mencionado como exemplo de casos notórios de crime financeiro no seminário.

Davis destacou que, mais que a punição dos responsáveis, é essencial a recuperação dos ativos desviados em crimes transnacionais e sua devolução à vítima, seja ela um banco, uma pessoa ou um governo. "Há muitos casos em que uma pessoa roubou dezenas de milhares de dólares, ficou presa por um curto período e ninguém foi atrás do dinheiro. Eles saem da prisão e ficam ricos", disse.

No Brasil, a recuperação de ativos no exterior é dificultada pela própria legislação, de acordo com o representante brasileiro da FraudNet, o advogado Henrique Forssell.

O papel dos bancos no combate a crimes financeiros foi ressaltado pelo representante da FraudNet nas Ilhas Virgens Britânicas, o advogado Martin S. Kenney. "Se banqueiros reportassem às autoridades atividades suspeitas, os criminosos não teriam para onde ir com o dinheiro. Os bancos têm que acordar", ressaltou.