“Ansiedade é como pressão alta: quando descontrola, às vezes é para sempre. Você pode controlar com atividade física, meditação, terapia, mas ela vai estar sempre ali te ameaçando”
Uso de remédios
A Agência Estado entrevistou alguns médicos e especialistas sobre o uso de remédios para depressão e outros transtornos mentais. Daniel Martins de Barros, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, disse que “As duas frases que eu mais ouço na clínica são ‘eu não queria tomar remédio’, na primeira consulta, e ‘eu não queria parar de tomar os remédios’, na consulta seguinte. A gente tem muita resistência porque existem muitos mitos: ficar viciado, bobo, impotente, engordar”. Neury Botega, psiquiatra da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), afirma que há 30 anos os médicos dispunham de recursos inadequados para tratar a ansiedade. “Ou usávamos drogas bem pesadas, como barbitúricos, ou as que existem até hoje, como as faixas pretas, os benzodiazepínicos. Por isso, nós vimos várias tias, avós, viciadas em remédios e essa é uma das imagens gravadas quando pensamos em tratamentos psiquiátricos”. “Ansiedade é como pressão alta: quando descontrola, às vezes é para sempre. Você pode controlar com atividade física, meditação, terapia, mas ela vai estar sempre ali te ameaçando”, disse Martins de Barros. Assim, tendo em vista tantas tragédias que vêm acontecendo no Brasil (não que outros países não tenham, mas o país atravessa uma crise e não vê melhora a curto prazo), a carga emocional dos brasileiros vem mesmo sendo testada: o país vê um aumento no índice de homicídios, economia estagnada e tragédias ambientais que levam embora uma natureza exuberante da qual era motivo de orgulho – e não de choro.