Brasil e EUA lançam Comissão Interamericana do Etanol

Representantes dos setores público e privado do Brasil e dos Estados Unidos, além do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), anunciam segunda-feira (18), em Coral Gables (Flórida), o protocolo para a criação da Comissão Interamericana do Etanol. A entidade nascerá para promover o uso do álcool como alternativa e aditivo do petróleo no mundo e ainda para integrar a América por meio do fomento ao combustível renovável. Os dois países são líderes mundiais em etanol, com 72% da produção total, os norte-americanos com 18,3 bilhões e o Brasil com 17,3 bilhões de litros por safra. Estima-se que a produção de cada um dos países possa atingir os 20 bilhões de litros em 2007.

O representante brasileiro na comissão será Roberto Rodrigues, presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias de São Paulo. O ex-ministro da Agricultura será co-presidente da entidade e dividirá o comando com o governador da Flórida, Jeb Bush, e com o presidente do BID, Luis Alberto Moreno. "Quando eu era ministro, levei a idéia de integrar as Américas pelo etanol ao Moreno e, depois, em conversa com o Jeb Bush, ela amadureceu. Agora estamos lançando o protocolo para a criação do projeto", afirmou Rodrigues.

Ao saber que a idéia seria oficializada, Rodrigues conta que informou todas as entidades públicas e privadas com alguma ligação junto ao setor sucroalcooleiro e colocou-se à disposição para representar o Brasil até que uma diretoria definitiva seja formalizada. "A resposta foi positiva e vários desses representantes vão comigo para o evento de segunda-feira", explicou Rodrigues.

Na delegação brasileira que irá à Flórida estão previstas as presenças do secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Linneu da Costa Lima, representando o ministro da Agricultura Luís Carlos Guedes Pinto; do diretor de Álcool e Oxigenados da Petrobras, Silas Oliva; do presidente da Embrapa, Sílvio Crestana, e do presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Eduardo Pereira Carvalho.

Ainda de acordo com o ex-ministro da Agricultura, que também comanda o Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a participação do BID na comissão é fundamental para que, no futuro, a instituição financeira possa viabilizar projetos que venham a ser desenvolvidos pela entidade. "Inicialmente, a participação do BID será um importante apoio político ao projeto", concluiu Rodrigues.

Entre os objetivos específicos a serem seguidos pela Comissão Interamericana do Etanol estão, além da promoção do uso do álcool, o incentivo da integração técnica e científica; a avaliação dos investimentos necessários na agricultura e infra-estrutura das Américas para viabilizar a mistura do combustível renovável à gasolina; o incentivo aos projetos de produção de créditos de carbono e suas implicações econômicas e a recomendação da definição de políticas para a criação de um mercado internacional para o combustível. A comissão pretende ainda realizar uma série de "road shows" pelos países das Américas para convencer os governos locais a criar legislações que incentivem o uso do etanol, como já ocorre no Brasil, nos Estados Unidos, na Colômbia e no Equador, por exemplo.

A entidade tem ainda como objetivo disseminar a informação por meio da cobertura da imprensa e promover discussões públicas sobre os benefícios do combustível alternativo e renovável, sempre em parceria com entidades locais. Além da cerimônia de lançamento da Comissão Interamericana do Etanol, no evento de segunda-feira diretores e executivos da Fórmula Indy (IndyCar) irão anunciar oficialmente que a categoria, uma das mais importantes do automobilismo mundial, utilizará 100% de etanol em seus veículos na temporada 2007. A Fórmula Indy que tem os brasileiros Hélio Castroneves, Tony Kanaan e Vitor Meira entre os pilotos, usava 90% de metanol e 10% de etanol nos motores até 2006.