Brasil e EUA 'são amigos muito próximos', diz Bush

Por Gazeta Admininstrator

O presidente americano, George W. Bush, afirmou neste domingo, durante discurso em Brasília, que Brasil e Estados Unidos "são amigos muito próximos" e devem atuar juntos na consolidação da democracia e de regras justas para o livre comércio.
Bush fez uma palestra para convidados no hotel onde se hospedou em Brasília, pouco depois de almoçar com o presidente Lula na Granja do Torto e comer um churraco que descreveu como "inacreditavelmente bom".

"O Brasil pretende ser um exemplo para o continente, construindo uma ordem social justa em que as bênçãos da liberdade são aproveitadas por cada cidadão desta grande nação", disse o presidente americano.

"O Brasil deve saber que tem um parceiro forte nos Estados Unidos", acrescentou Bush. "Como vocês, sabemos que devemos consolidar as promessas de democracia."

No pronunciamento que encerrou uma visita de menos de 24 horas ao Brasil, o presidente americano disse ainda que, "como maior democracia da América do Sul, o Brasil é um líder e, hoje, está exercendo sua liderança em todo o mundo".

Democracia

Bush também destacou o fortalecimento da democracia nas Américas durante as últimas décadas e lembrou as dificuldades que o continente enfrentou para chegar a esse estágio.

Ao comentar o assunto, o líder americano citou Juscelino Kubitschek e elogiou o legado do ex-presidente.

"O progresso que alcançamos é o resultado de tremendos sacrifícios e liderança. Um desses líderes foi o homem que construiu essa bela capital como símbolo da democracia brasileira", disse Bush.

"O presidente Kubitschek foi forçado a ir para o exílio quando forças antidemocráticas tomaram o controle no Brasil. Seu sonho, ele dizia, era viver e morrer em um país livre. No início deste século promissor, o sonho deste orgulhoso patriota inspira cidadãos não só neste país, mas em todo o continente", acrescentou.

O presidente americano falou ainda sobre o risco de países que trilham o caminho da "tirania" e disse que, em muitas partes do continente, "traficantes de drogas, terroristas e gangues criminosas corrompem sociedades democráticas".

"Quando esses grupos são mais poderosos que o Estado, não pode haver justiça social", declarou.

"Ao proteger as pessoas das Américas daqueles que operam fora da lei, fortalecemos a democracia, promovemos justiça social e tornamos a prosperidade mais provável."

Bush disse ainda que os governos das Américas precisam evitar o desperdício de dinheiro público e colocar em prática aquilo que defendem em seus discursos.

"Os governos deste hemisfério precisam ser livres de corrupção", afirmou. "Os governos deste hemisfério precisam prestar contas, e nós precisamos viver pelos mesmos padrões que definimos para os outros."

Livre comércio

No discurso deste domingo, Bush também voltou a defender a idéia de que Brasil e Estados Unidos devem trabalhar juntos para promover um comércio "livre e justo" nas Américas.

"Comércio significa empregos para as pessoas", disse. "Vamos levar nossos povos para o crescente círculo do desenvolvimento. Vamos tornar mais fácil àqueles de nós que vivem no hemisfério competir com países como China e Índia."

O presidente americano também reconheceu que os países em desenvolvimento estão certos ao cobrar a eliminação dos subsídios agrícolas de países ricos.

Mas, na opinião de Bush, a proposta americana para a redução dos incentivos que os Estados Unidos concedem a seus agricultores é uma prova de que o país está disposto a fazer sua parte para que as negociações avancem na OMC.

"Concordamos com o Brasil que as negociações sobre agricultura vão destravar todo o potencial da Rodada Doha (da OMC)", afirmou Bush.

"O seu presidente criticou os subsídios agrícolas que o mundo desenvolvido paga a seus fazendeiros, subsídios que distorcem o comércio e enfraquecem fazendeiros honestos no mundo em desenvolvimento", acrescentou.

"Concordo com o presidente Lula. E os Estados Unidos estão liderando o caminho para abordar esse problema."

Depois do discurso, Bush seguiu para o Panamá.