Brasil é o segundo país que mais envia au pairs aos Estados Unidos

Por Marisa Arruda Barbosa

Jéssica Araruna aproveitou para viajar enquanto foi au pair nos EUA.
De acordo com o Departamento de Estado, o Brasil é o segundo país que mais envia au pairs para os Estados Unidos. Em 2017, 3 mil au pairs brasileiros vieram para os EUA. O Brasil fica atrás somente da Alemanha e é seguido pela Colômbia. Trata-se de um programa de intercâmbio cultural, no qual um au pair (que pode ser homem ou mulher) se torna parte de uma família nos Estados Unidos, frequenta um curso de sua escolha e tem a experiência de vivenciar a cultura local. O au pair presta um serviço similar ao de baby sitter e recebe um salário da família que o hospeda. Do outro lado, essa pode ser uma solução para famílias buscando alguém de confiança cuidando dos filhos e em horários flexíveis. De acordo com Skye Mclvor, da Cultural Care, empresa que recruta au pairs de vários países para viverem com famílias americanas, receber uma au pair não é o mesmo que contratar uma babá. “É fundamentalmente um programa de intercâmbio cultural”, disse ele. De acordo com a descrição do programa, a au pair se torna parte da família. Ou seja, é preciso ter espaço para acomodar mais uma pessoa em sua casa, além dos custos do programa. Para quem tem mais de dois filhos, esse custo pode ser parecido com o de um day care.

O programa

O programa é regulamentado pelo Departamento de Estado e dura um ano com a utilização do visto J-1. Ele pode ser estendido para o segundo ano, para quem se qualificar. Au pairs trabalham no máximo 10 horas por dia e não mais que 45 horas por semana. Os horários de trabalho são flexíveis de acordo com as necessidades da família.

Custo

Novas famílias que entram no programa pagam uma taxa de US$8.695 para a agência, de acordo com dados fornecidos pela agência Cultural Care. As famílias pagam um salário semanal de US$195,75 para a au pair, estipulado pelo Departamento de Estado. É exigido que cada au pair faça 5 créditos de um curso durante o ano. As famílias pagam US$500 pelo custo dessas aulas. Outros custos para as famílias incluem moradia, seguros adicionais, entre outros. Todos esses custos combinados chegam a US$19 mil por ano ou US$1.587,77 por mês.

Au pair ou day care?

No ano passado, a brasileira Gabriela Gomes, que vive em Weston, relata que deixou os dois filhos, então com 4 e 3 anos em um day care, das 9am às 3pm. “Pagamos por volta de 18 mil pelo ano, que é o valor de ter um au pair. Por isso, eu acho que vale muito a pena”, avalia. “Se você contrata uma babá, não pode chamar duas horas de manhã, ter uma pausa de algumas horas e depois voltar a trabalhar. Então essa flexibilidade é muito boa”. Gabriela trabalha como Local Childcare Consultant para o Cultural Care, onde serve como apoio local a famílias e au pairs. Ela nunca teve uma au pair porque optou por ficar em casa com os filhos.

Au pairs brasileiras avaliam

[caption id="attachment_175076" align="alignleft" width="240"] Jéssica Araruna aproveitou para viajar enquanto foi au pair nos EUA.[/caption] Au pairs brasileiras que participam ou já participaram de programas nos EUA avaliam que há vários pontos positivos. Entre eles, está o aprendizado de inglês, a troca cultural e a possibilidade de viajar e conhecer outros estados, uma vez que elas não têm custos com moradia e comida. Entre os pontos negativos, todas elas concordam com um principal: morar dentro do trabalho. “Tem dias bons e ruins. Daí chega o dia off e você não sai do trabalho, ou tem que sair de casa”, disse Camila dos Santos, de 23 anos, em seu segundo ano vivendo com uma família em Nova York. Thaiana Ribeiro já foi au pair com três famílias diferentes entre 2015 e 2016, na Califórnia, em Nova York e em Miami. “Hoje em dia eu não faria o au pair. Mas já tinha jogado muita coisa para o alto e resolvi ficar no programa”. A jovem avalia que para ela foi difícil o fato de morar com o chefe, pois quando entrou para o programa aos 24 anos, já era independente. Ela havia saído de casa desde os 18. Segundo Thaiana, é preciso gostar de criança e ter responsabilidade. Mas acima de tudo, “é importante não fazer expectativa. As famílias não se interessam muito sobre a sua origem, acho muito difícil ter essa troca”, avalia, de acordo com sua experiência. Para Jéssica Araruna, do Rio de Janeiro, que foi au pair de março de 2016 a dezembro de 2017 na Califórnia e em Nova York, o “custo benefício do intercâmbio é indiscutível”, avalia. “Sempre falo que é o melhor custo benefício em relação a um intercâmbio”. Jéssica pagou $500 dólares para entrar no programa, mais $160 pelo visto. Ou seja, em vez de pagar US$50 mil por um intercâmbio, ela gastou menos de mil. “Em um mês, a pessoa já recupera o dinheiro gasto. E você atinge seu objetivo de aprender inglês. Só não fica fluente quem não quer”.