Brasil não tem data para deixar o Haiti, diz Lula

Por Gazeta Admininstrator

Segundo Lula, tropas brasileiras saírão se o novo governo desejar
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse estar muito satisfeito com as eleições no Haiti, mas afirmou que as tropas brasileiras não têm data para deixar o país.
"Acho que o Haiti deu uma demonstração de confiança, de maturidade política, pois mais de 80% da população foi às urnas mesmo sem a obrigatoriedade de votar. O país percebeu que a democracia é a única possibilidade de viver em paz."

Lula ressaltou que o processo eleitoral é apenas o primeiro passo para a estabilização do país e que agora são necessárias instituições sólidas e fortes para que o Haiti possa restabelecer a paz. "O Brasil ainda precisa contribuir com essa consolidação."

A possível permanência dos soldados brasileiros no Haiti foi justificada por Lula com o exemplo de Ruanda – em 1994, após a retirada de tropas da ONU, o país africano viveu um genocídio em que morreram mais de 800 mil pessoas.

"Depois que vi as forças da ONU saírem de Ruanda e ver o que aconteceu naquele país – uma carnificina que eu jamais imaginei que pudesse existir na humanidade – acho que o Brasil ainda pode dar uma contribuição (no Haiti)."

Decisão haitiana

O presidente Lula disse que esta contribuição só ocorrerá caso o novo governo do Haiti queira e precise.

"Se o novo governo disser para o Brasil, 'olha, está na hora', nós tranqüilamente vamos embora, porque acho que cumprimos a nossa missão."

Na opinião do presidente, o Brasil deu um exemplo de como é possível uma força de paz agir democraticamente, ganhando a confiança do povo, do governo e da comunidade internacional.

"Certamente no dia em que nossos soldados voltarem para o Brasil, eles voltarão de cabeça erguida, com orgulho e o dever cumprido."

Lula concedeu uma entrevista coletiva à imprensa brasileira na residência oficial do governo da Argélia em Zeralda, a cerca de 20 km da capital Argel.

A Argélia é a primeira parada de seu giro diplomático pela África, que incluirá ainda paradas em Benin, Botsuana e África do Sul.