Brasil nega trabalho escravo na criação de gado

Por Gazeta Admininstrator

O embaixador do Brasil na Grã-Bretanha, José Maurício Bustani, rejeitou em uma carta a alegação publicada no jornal Daily Telegraph, no dia 5 de janeiro, de que um estudo a ser publicado neste ano indica que a carne consumida pelos britânicos tem grandes chances de vir de fazendas brasileiras com trabalho escravo.
A reportagem, sob o título "Carne barata brasileira importada é 'subsidiada por trabalho escravo'" , não ouviu nenhum comentário de criadores ou exportadores brasileiros para comentar as acusações do estudo.

Segundo o jornal, o estudo foi feito por David Ismail, um fazendeiro de Pertshire, na Escócia, com financiamento da ONG Nuffield Foundation.

"O Ministério da Agricultura brasileiro, informado de seu artigo, notou em uma declaração publicada no mesmo dia que a pesquisa à qual seu artigo se referia foi conduzida em uma região do Brasil que não exporta carne", disse Bustani em sua resposta ao jornal.

"O Ministério também destaca que tais alegações tendem a refletir os interesses do protecionismo agrícola, que está incomodado com o desenvolvimento do agronegócio brasileiro. É interessante notar que o autor do relatório mencionou no artigo que ele também é produtor de carne."

'Gado verde'

O embaixador afirma que o Brasil é internacionalmente conhecido pelo seu "gado verde". O solo do país, o clima e a tecnologia eficiente tornam possível criar e engordar animais fora de confinamento, em um regime de pasto aberto, que usa pouco fertilizante e nenhum pesticida, o que seria ecologicamente correto, segundo Bustani.

"O grande número de países que compram a carne brasileira, um número que está crescendo, reflete o fato de que (a criação de gado) é segura, de alta qualidade e com preços competitivos", escreveu.

O embaixador lembra que o crescimento nas exportações da carne brasileira nas últimas três décadas teve um impacto social positivo, gerando empregos e também impostos, que foram gastos em programas públicos de combate à pobreza.

"O chamado 'trabalho escravo', o termo correto seria, na verdade, trabalho forçado ou induzido por endividamento (uma situação em que trabalhadores rurais são atraídos para o endividamento e têm que trabalhar para pagar), não tem nenhuma conexão com a produção de carne para exportação no país", afirmou Bustani.

O embaixador lembra que este tipo de trabalho forçado é mínimo no Brasil, uma situação grave sofrida por cerca de 25 mil trabalhadores, num total de força de trabalho rural de 18 milhões de pessoas.

"Os esforços contínuos do governo para erradicar (este tipo de trabalho) foram elogiados pela Organização Internacional do Trabalho que, em seu Relatório Global (2005) recomenda o Brasil como um exemplo a ser seguido na luta mundial contra o trabalho forçado."

Inspeção

O embaixador brasileiro afirma que toda a carne exportada pelo Brasil passa por uma análise do serviço de inspeção do Ministério da Agricultura, que então dá um selo que garante que o produto obedece as leis sanitárias impostas pelos países importadores da carne.

"As instalações que produzem a carne exportada para a Grã-Bretanha têm a autorização para exportar porque obedecem os padrões da União Européia, e autoridades governamentais do bloco junto com representantes de companhias importadoras visitam estas instalações brasileiras regularmente para fazer checagens", escreveu Bustani.

O embaixador afirma que está convencido que os consumidores britânicos devem ser mantidos informados e, "como resultado, continuarem capazes de exercer seu direito de comprar carne brasileira de alta qualidade, segura, ecologicamente correta e com preços competitivos".