Brasil perde parte de sua história em incêndio no Museu Nacional

Por Gazeta News

museu nacional foto TV Globo
O Brasil perdeu parte de sua história com o incêndio do Museu Nacional na noite do domingo, 2, e que só foi controlado na madrugada desta segunda-feira, 3. O estrago foi maior porque não havia água nos hidrantes próximos e foi necessário aguardar por caminhões-pipa, segundo o Corpo de Bombeiros. O Museu é a mais antiga instituição cientifica do país com 200 anos de criação e guardava em seu acervo mais de 20 milhões de itens. A falta de manutenção, principalmente da parte elétrica do prédio, é apontada como grande causa do incêndio. Bombeiros viraram a madrugada para conter as chamas e técnicos da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros fazem, na manhã desta segunda-feira uma inspeção no prédio que fica na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio de Janeiro. Ainda não se sabe exatamente o tamanho do estrago e as autoridades afirmam que não há chance de desabamento da fachada, mas o interior da construção está sob risco. No início desta manhã, bombeiros trabalhavam no rescaldo das chamas. Incêndio atinge Museu da Língua Portuguesa e mata funcionário Criado por D. João VI em 1818, o museu completou 200 anos em junho deste ano. Logo que foi criado, serviu para atender aos interesses de promoção do progresso cultural e econômico do país. Acervo O Museu possuía um dos mais relevantes registros da memória brasileira no campo das ciências naturais e antropológicas, como o fóssil humano mais antigo já encontrado no país, batizada de "Luzia", que faz parte da coleção de Antropologia Biológica e foi descoberto em 1974 pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire, em Minas Gerais, teria 11.300 anos. Um dos grandes destaques da coleção de paleontogia é o esqueletoMaxakalisaurus topai, o primeiro dinossauro de grande porte a ser montado no Brasil. A ossada também foi encontrada em Minas Gerais. Após um ataque de cupins na base de sustentação, em 2017, oMaxakalisaurus topaifoi desmontado e guardado em caixas em um canto da sala de dinossauros, que foi fechada. O espaço foi reaberto em julho deste ano, após uma campanha de financiamento coletivo na internet. A coleção conta ainda com o meteorito Bendegó, encontrado em Monte Santo, na Bahia, em 1794. Com 5.260 kg, a peça está na instituição desde 1888. Por se tratar de um objeto metálico pesado, pode ser um dos poucos itens do museu que tenha sobrevivido às chamas. Dois séculos de história Desde 1892, o museu ocupava um prédio histórico, o palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio de Janeiro. O palácio foi doado por um comerciante ao príncipe regente D. João em 1808 e depois se tornou a residência oficial da família real no Brasil entre 1816 e 1821 - nesse período, foi a casa de um rei e dois imperadores. Foram os integrantes da família real que começaram as coleções que deram origem ao maior museu de história natural do país e também foi lá que a princesa Leopoldina, casada com D. Pedro I, assinou a declaração de independência do Brasil em 1822. Anos depois, também foi palco para a primeira Assembleia Constituinte da República, entre novembro de 1890 e fevereiro de 1891, que marcou o fim do império no Brasil. Desde 1946, o Museu Nacional é vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro e tem um perfil acadêmico e científico. Pós-incêndio Os desafios após o incêndio são inúmeros: acomodar os pesquisadores para que possam continuar desempenhando suas atividades, acomodar todos os alunos dos programas de pós-graduação da UFRJ no Museu Nacional, recuperar a infraestrutura de pesquisa e restaurar o prédio. Com informações da BBC Brasil e G1.