Brasil quer vender mais serviços para a Argélia, diz Furlan

Por Gazeta Admininstrator

Ministro quer progredir negociações comerciais com a Argélia
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, afirmou nesta quarta-feira em Argel que o Brasil quer aumentar as vendas no país com serviços.
Segundo o ministro, a meta é elevar as exportações anuais à Argélia em 500 milhões de dólares nos próximos dois anos.

"Acho que, se incluirmos os serviços, esta meta é viável. O ritmo da nossa participação está crescendo ao redor de 40% ao ano", afirmou o ministro, que integra a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Apesar de a Argélia representar o segundo país em que o Brasil registra o maior déficit na balança comercial - perdendo apenas para a Nigéria -, Furlan acredita ser viável mais do que dobrar as exportações para o país, que no ano passado foram de 384 milhões de dólares, contra 2,8 bilhões de exportações argelinas para o Brasil.

Negociações

Furlan e uma equipe da área comercial já haviam ido à Argélia no fim do ano passado.

O ministro afirmou que existe um grande programa de infra-estrutura na Argélia, que prevê investimentos de 60 bilhões de dólares em cinco anos.

O maior projeto é a construção da rodovia Transmagrebiana, que terá 1,2 mil quilômetros e ligará a fronteira da Tunísia com o Marrocos. Duas construtoras brasileiras, a Andrade Gutierrez e a Odebrecht, estão concorrendo na licitação.

"No encontro anterior, o presidente (argelino) Abdelaziz Bouteflika deixou passar para nós que a decisão dessa licitação não ia levar em conta apenas a questão do preço de custo. Ele disse que gostaria de fazer (o projeto) com empresas e países que pudessem dar uma continuidade na relação de atendimento e de compromissos e que ele não quer simplesmente pegar uma empresa de um país qualquer, que venha, faça e vá embora", afirmou Furlan.

Segundo o ministro, uma empresa do Rio Grande do Sul, a Neobus, deve começar a operar na Argélia em maio.

"Eles também estão interessados em reativar uma indústria automotiva aqui. Então, dependendo de como vai essa iniciativa da Neobus, a idéia deles é que se possa aprofundar este intercâmbio na área automotiva", afirmou.

Lula

Em entrevista concedida por escrito a jornais e agências de notícias da Argélia, o presidente Lula também manifestou sua vontade de aumentar a presença comercial brasileira no país árabe.

"Nosso comércio, por mais expressivo que seja, é desequilibrado, e nossos empresários e equipes técnicas de governo ainda se conhecem mal. Os negócios precisam ganhar mais solidez, visão de médio e longo prazos", afirmou Lula.

O presidente brasileiro disse acreditar que seu país pode cooperar com a Argélia em vários campos em que o Brasil desenvolve tecnologias próprias.

"Na área agrícola por meio da Embrapa, na promoção da pequena e micro-empresa, por meio do Sebrae, na área de saúde, na área de informatização do governo, em programas sociais, na vigilância do território, na proteção ambiental, na pesquisa petrolífera em águas profundas."

Queda

Segundo o embaixador brasileiro na Argélia, Sérgio Danese, "a restrição – e não embargo" à carne brasileira ainda está em vigor e, desde outubro, as exportações de carne à Argélia diminuíram substancialmente.

"Mas eu prefiro ver a questão pelo lado positivo. Eles são clientes relativamente recentes do Brasil e ainda têm potencial de crescer muito. Além disso, eles têm um interesse muito grande pela carne brasileira", afirmou Danese.

Segundo Furlan, a questão será discutida durante esta viagem à Argélia, já que a carne é o principal produto exportado para o país depois do açúcar.

De acordo com dados da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, o Brasil exportou no ano passado 74,9 milhões de dólares em carne bovina.