Brasileira escolhe o caminho alternativo na luta contra o câncer de mama

Por Marisa Arruda Barbosa

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Há quase dois anos, a curitibana Dúlcia Sforca, hoje com 47 anos, foi diagnosticada com um câncer de mama agressivo, o HER2 positivo. Seu médico a aconselhou que fizesse uma cirurgia o mais rápido possível, mas Dúlcia, que vive em Boca Raton, resolveu seguir outro caminho.

“Minha história não é a de uma pessoa regular, pois não fiquei desesperada no momento do diagnóstico”, conta ela, que vive há 29 anos nos Estados Unidos. “Eu sempre acreditei na medicina alternativa e optei por este caminho”.

Por coincidência ou ironia do destino, Dúlcia trabalhava no Boca Raton Regional Hospital, dentro do departamento de quimioterapia, como técnica de farmácia de oncologia (oncology pharmacy technician, em inglês). Ela trabalhava muito mais horas do que o normal no hospital, tinha uma vida estressante e, por mais que tivesse consciência, acabava comendo mal na correria do dia a dia. Foi então que resolveu dar dois passos iniciais: primeiro, diminuiu o ritmo, parando de trabalhar, tirando uma licença. Segundo: tornou-se vegetariana.

“A palavra câncer, em inglês, se separarmos, fica ‘c’ (see=veja) ancer (the answer = resposta)”, explica Dúlcia. “Nós mesmos temos que parar para encontrar as respostas e olhar para nós mesmos. Decidi tirar tempo e prestar atenção na minha saúde”.

Dúlcia acredita que não é só uma boa alimentação o antídoto contra o câncer, mas o combate ao estresse, que forma toxinas no fígado. Ela dormia pouco, trabalhava muito, inclusive nos finais de semana, sem respeitar os domingos para descansar.

Ao dar esses primeiros dois passos, Dúlcia conseguiu frear o crescimento acelerado do tumor, que estava com 3 cm no momento do diagnóstico. Ela resolveu fazer um tratamento menos agressivo, o IPP Protocol, ainda em fase de experimento, um tratamento que só usa 10% de quimioterapia por dois meses, com a promessa de não ter efeitos colaterais.

“Se não fosse um câncer hormonal, teria acabado em dois meses, mas houve uma diminuição no tumor para 1.7 cm”, explica. “Depois disso, parou de diminuir com o tratamento quimioterápico”.

Assim, Dúlcia continuou com uma terapia alternativa. Ela comprou as apostilas do Gerson Institute (gerson.org), uma organização sem fins lucrativos, dedicada ao tratamento holístico do câncer e outras doenças degenerativas, com uma base de sucos de vegetais e frutas, seguiu fazendo uma dieta sem carnes e laticínios e tomou injeções de vitamina C.

No último ultrassom, o tumor de Dúlcia foi de 1.7 cm para 7 mm. Ela tem um novo ultrassom marcado para esta semana para ver se diminuiu mais. Caso não tenha diminuído, ela diz que irá considerar fazer a cirurgia que seu médico aconselhar (que deverá ser ou a remoção do seio, ou somente do tumor).

Mudança para melhor Até esse momento, mesmo sem ainda ter exterminado o tumor, Dúlcia analisa que mudou sua vida para melhor nessa batalha.

“Eu era saudável a fui pega de surpresa, mas vejo que o estresse do dia-a-dia do imigrante me colocou em um ritmo que eu não conseguia mais parar. Eu só trabalhava”, conta a curitibana, que hoje trabalha de casa, caminha todas as manhãs e come em casa.

“Poucas pessoas sabem que há a possibilidade de se fazer escolhas frente ao câncer”, disse. “Eu escolhi um caminho que eu acredito, mas conheço muitas pessoas que se trataram na medicina tradicional, enfrentaram a quimioterapia e estão curadas”.

Segundo Dúlcia, as pessoas têm que ter consciência sobre os tratamentos disponíveis, inclusive sobre os efeitos da quimioterapia e radiação, que ela continua fazendo o possível para não enfrentar.

Caso faça a cirurgia no mês de outubro, Dúlcia diz ter planos para o Thanksgiving: “eu quero só ter motivos para agradecer”.