Em situação ilegal nos Estados Unidos, uma brasileira acusada de ter roubado um CD em uma loja no Estado da Carolina do Norte não está sendo autorizada a amamentar o filho de dois meses enquanto aguarda, presa, por sua deportação ao Brasil.
A brasileira Danielle Ferreira, 29, foi detida na sexta-feira (23) por agentes da polícia de Charlotte, a cidade mais povoada do Estado da Carolina do Norte, enquanto saía do local acompanhada de seu irmão Dennis e de seus dois filhos.
Danielle e o irmão foram transferidos para a prisão do Condado Mecklenburg, onde tiveram o status de imigração checado, e foi confirmado que ambos viviam ilegalmente no país.
De acordo com o pastor evangélico Ezequiel Oliveira, amigo da brasileira, no momento em que foi detida, Danielle não sabia que seu irmão havia escondido o CD no carrinho do bebê.
"Pediram uma fiança de US$ 500, mas ela não pôde sair porque não tinha documentos de imigração. Trataram-na como uma criminosa perigosa, separaram-na de seus filhos", disse Oliveira nesta terça-feira à agência Efe.
A polícia entrou em contato com Ezequiel Oliveira para que ele fosse buscar o bebê, Samuel, e seu irmão Daniel, de dois anos, antes que fossem entregues ao Departamento de Serviços Sociais da região.
O pastor disse à Efe que Samuel chora constantemente, que nem sequer a chupeta consegue acalmá-lo, que rejeita o leite em pó, e que seu irmão está triste pela falta que sente da mãe.
"Visitei-a no domingo (25) para ver se conseguia tirar o leite e disseram-nos que faltava uma ordem. Também argumentaram que não havia lugar para depositar o leite. Ela está sofrendo e tem febre", acrescentou Oliveira.
Autorização
Autoridades da prisão disseram à imprensa que a mãe estava recebendo atendimento médico e que não é permitido amamentar bebês ou retirar leite na prisão sem autorização prévia.
De acordo com o pastor, Danielle havia planejado deixar o país no dia 6 de dezembro.
Ela tinha comprado as passagens de avião para retornar ao Brasil e ficar ao lado dos seus familiares, que a ajudarão a cuidar dos filhos, já que é mãe solteira.
"É uma injustiça. As vidas de uma jovem e de um bebê estão em perigo", declarou à Efe Maudia Meléndez, ativista da comunidade hispânica.
Meléndez está fazendo trabalhando com as autoridades de imigração e prisão para que libertem a imigrante por "razões humanitárias". Angeles Ortega-Moore, diretora da Coalizão Latino-Americana, disse ao jornal "The Charlotte Observer" que esta não é a primeira vez que fica sabendo de mães que tiveram pedidos para retirar leite na prisão negados.
O incidente ocorreu dias após o Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) anunciar que permitirá mulheres grávidas e com bebês lactantes deixem a prisão sob supervisão.

