Brasileira não estava grávida e pode ter feito cortes em si mesma, diz perito suíço

Por Gazeta Admininstrator

Os primeiros resultados de investigação policial e do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique sobre a suposta agressão a uma brasileira, ocorrido na Estação ferroviária de Stettbach, foram divulgados nesta sexta-feira.

Segundo o diretor do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique, Walter Bär, a partir de exames de legistas e ginecologistas, a conclusão é de que a brasileira Paula Oliveira não estava grávida e teria ela mesma feito os ferimentos em seu corpo.

Em entrevista coletiva na sede da polícia de Zurique, Bär afirmou que resultados laboratoriais de exames realizados na brasileira pelos ginecologistas do Hospital da Universidade de Zurique apontaram que Paula Oliveira não apresentava gravidez no momento do suposto ataque.

"Constatamos que os corte encontrados no corpo dela foram realizados em locais que podem ser alcançados por ela mesma", afirmou Bär. "Além disso, as partes mais sensíveis do corpo feminino, como genitais e seios, não foram atingidos pelos ferimentos".

"Vou tirar aqui uma conclusão, mas, como em todas as conclusões, existe o risco de uma interpretação errônea", disse o perito. "Um médico legista experiente tem que presumir que uma auto-flagelação (ato com as próprias maos) está bastante em evidência. Minha conclusão é que ela mesma fez os ferimentos".

"Quero ressaltar que o Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique é uma entidade independente, sem ligação com a polícia nem com as autoridades de Justiça", observou Bär.

A polícia municipal de Zurique informou também que os esclarecimentos referentes aos ferimentos por corte ainda não foram concluídos definitivamente e diz que ainda procura testemunhas.

Especialistas puderam interrogar detalhadamente a brasileira e outras pessoas, mas, por motivos de proteção a dados pessoais e a tática de investigação, estas informações não serão divulgadas.

De acordo com a polícia suíça, as investigações sobre o caso ainda não foram concluídas e seguem em andamento em todas as direções.

"Insisto em enfatizar que as investigações prosseguem, como até agora, em 360 graus, até que a ocorrência seja esclarecida", disse o comandante da policia municipal de Zurique, Philipp Hotzenkcherle.

Antes da coletiva da polícia e do perito desta sexta-feira, o pai de Paula, Paulo Oliveira, havia reagido com indignação a suspeitas levantadas pela imprensa suíça sobre a suposta agressão contra a brasileira, alegando que havia uma tentativa de transformar Paula em culpada no caso.

Na quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que o caso é "grave", "chocante" e tem "aparência xenofóbica".

No entanto, o chanceler disse ter confiança de que a polícia suíça manterá a transparência e o rigor na investigação e que é preciso aguardar as conclusões do trabalho.

O fato de ela estar falando ao celular em português com sua mãe momentos antes de ser supostamente atacada reforçaria a suspeita de que a agressão seria xenofóbica. Segundo Paula, os autores da agressão riscaram sua pele com estilete. Fotos de Paula mostravam que os cortes formam a sigla SVP, a mesma de um partido suíço de extrema-direita.

Logo após a coletiva da polícia e do perito em Zurique, um porta-voz do SVP, Alain Hauert, comentou o caso e o envolvimento do nome do partido no episódio.

"Caso seja comprovado que houve um ataque, apesar de tudo apontar que pelo menos parte do depoimento da brasileira não condiz com a verdade, a polícia deve prender e punir os responsáveis", disse Hauert.

"Caso ela tenha feito em si mesma os ferimentos, e existe muita gente em várias regiões da Suíça que crê nessa possibilidade, o caso não nos diz respeito, estaria encerrado e não temos nada a dizer quanto a isso", acrescentou.

Questionado sobre a marca com a sigla do SVP no corpo da brasileira, Hauert respondeu: "Talvez o senhor deva perguntar a ela mesma se ela talvez faz parte de nosso partido".

Veja a íntegra do comunicado da polícia suíça:

"Como já tinha sido divulgado, os funcionários policiais de uma viatura de patrulha da Polícia Municipal de Zurique (Suíça) foram chamados à Estação ferroviária de Stettbach, onde encontraram a presença de uma cidadã brasileira, de 26 anos de idade, apresentando vários cortes superficiais na pele.

A mulher explicou aos agentes policiais que tinha sido agredida por três sujeitos masculinos e que tinha sido ferida por uma faca. Mais ainda explicou que tinha estado grávida de três meses e que tinha abortado os fetos de gêmeos no banheiro público daquela estação ferroviária.

As circunstâncias que causaram tais feridas continuam não esclarecidas. As intensas e complexas investigações do corpo da Polícia Municipal de Zurique, como também do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique, continuam ser seguidas com rigor. Entretanto já se constituíram os primeiros resultados de inquérito policiais e médicos

Os especialistas e as especialistas do corpo da Polícia Municipal de Zurique já conseguiram interrogar a mulher em questão, como também outras pessoas, de forma extensa. Por motivo de proteção à personalidade, como também por motivo de tática de investigação policial, não se fornecem ainda nenhuns particulares sobre o conteúdo de tais interrogatórios.

Especialistas do Serviço Científico da Polícia Municipal de Zurique, como também os Técnicos de Criminalística da Polícia Cantonal de Zurique, abrigaram vários vestígios na noite de segunda-feira, dia 9 de fevereiro de 2009. As avaliações das mesmas continuam ser efetuadas, e anteriores apurações de natureza criminalística ainda estão pendentes.

No âmbito da busca imediata nas proximidades do local, na noite da citada segunda-feira, no bairro de Schwamendingen em Zurique, três homens foram submetidos a um controle pelos agentes da Polícia Municipal de Zurique. Na ocasião de tal controle porem, não se manifestou nenhuma suspeita urgente que tivesse justificada a detenção dos mesmos.

Os exames médicos efetuados pelo Instituto de Medicina Forense e pelo próprio Hospital Universitário de Zurique mostraram que a mulher de 26 anos de idade, no momento do incidente, não se encontrava no estado de gravidez.

As apurações relativas aos cortes na pele ainda não foram concluídas de forma definitiva. O Instituto de Medicina Forense, por via de integração dos resultados de investigação já existentes e ainda pendentes, está em fase de esclarecimento sobre a questão se a suposição, do ponto de vista de medicina legal, é aquela de ferimento causado por terceiro, ou aquela de auto-flagelação.

É improvável que as complexas investigações já se possam concluir nos próximos dias. Por este motivo, a Polícia pede compreensão que por enquanto não sejam fornecidas ulteriores informações.

A mulher de 26 anos de idade, se encontra hospitalizada para receber os devidos cuidados. Entretanto, algumas pessoas da família dela chegaram do Brasil, e já se encontram em contato permanente com ela.

A Polícia mantém a chamada de Testemunhas. Qualquer pessoa que possa ter feito observações competentes na noite de segunda-feira, dia 9 de fevereiro de 2009, por volta das 19:30 horas, junto da Estação ferroviária de Stettbach, é intimada a se comunicar com a Polícia Municipal de Zurique, por via do telefone 0 444 117 117, ou em qualquer outro posto de Polícia."