Brasileiras criam cartilha para ajudar mulheres em tratamento contra o câncer de mama

Por Arlaine Castro

Dicas de quem já passou pela doença

Idealizada com o apoio de voluntárias da associação, sobreviventes da doença e também de consulados, a ideia da cartilha foi colocada em prática primeiramente para a comunidade brasileira em Boston (MA) para ajudar brasileiras que necessitavam apoio. "A dificuldade de informações por nós brasileiros, é grande. Algumas associadas da AME que passaram pela doença me procuravam em busca de apoio e informações, foi quando percebi que eu não tinha como informar mais a fundo, como passar os recursos certos para elas, bem como entregar algum material de prevenção. A gente encontra algum material nos hospitais, em lugares que são americanos e onde as informações estão todas em inglês. Em português não tinha nada do tipo. Então a gente preparou a cartilha para servir com um guia de prevenção e apoio. Estamos muito felizes", faz questão de destacar Mageski. Para brasileiras que sabem bem o que é receber o diagnóstico e não ter ideia de como e onde começar a procurar ajuda, a cartilha é uma dádiva. "Fiquei super feliz com esse projeto porque todas nós sabemos como é difícil, além do choque da notícia, termos que correr atrás de aplicações para conseguir se tratar. É realmente muito estressante", destaca Gisele Buono, que passou pelo tratamento há três anos e está curada. Ela fez da sua experiência o grupo "A nossa força vem do céu", onde mulheres que passam ou passaram pela doença compartilham informações, se encontram e se ajudam. Milhares de pacientes de câncer de mama podem rejeitar quimioterapia, diz estudo Por ser escrita em português e detalhada, para Amanda Silvestre, 29 anos, que mora em Doral e tem feito sessões regulares de quimioterapia, a cartilha irá ajudar bastante a entender como funciona o sistema de saúde americano. Assim, reunindo informações de brasileiras desse grupo e de outras que já passaram ou estão passando pelo tratamento, como Juliana Krauss que mora em Orlando e terminou a oitava quimioterapia esta semana, de forma gratuita ou em parte, a cartilha reúne dicas de hospitais, clínicas, sites para solicitações de exames, dicas de cobertura de seguro de saúde, etc. Enfim, o máximo de informações importantes sobre a doença. "Passamos para a equipe que montou essa cartilha dados como nome do hospital, site para aplicação e detalhes que podem fazer diferença, como por exemplo, locais que pedem a comprovação de uma renda mensal máxima como requisito de aprovação do tratamento, etc", detalha Gisele.

"O câncer não escolhe data nem idade pra chegar"

Foi o que descobriu a jovem Amanda Silvestre, 29 anos, casada e sem filhos, formada em Nutrição, que há três meses precisou retirar uma das mamas por causa do câncer. Ela conta que percebeu o tumor após uma cirurgia estética nos seios no ano passado, mas o ignorou por estar fora dos principais critérios para a doença. "Senti o tumor logo após uma cirurgia plástica para aumento dos seios em maio de 2018 em Miami. Pelo fato de não ter nenhum histórico familiar, nem idade 'de risco', eu ignorei por um ano, até que em maio deste ano fui a uma consulta de rotina porque estava tentando engravidar e a ginecologista percebeu ao examinar meu seio. Foi quando ela disse que eu deveria fazer uma mamografia para saber o que era", detalha a jovem que junto com o marido mantém um estúdio de treino funcional em Doral. Após vários exames, Amanda foi diagnosticada com três tumores do tipo 'invasive ductal carcinoma" - o mais comum entre os cânceres de mama- no estágio 1 grau 3. Encaminhada para um cirurgião oncologista, ela fez a retirada completa da mama esquerda no dia 12 de julho (o diagnóstico tinha sido feito no dia 02 de junho). Curada, depois da sexta semana da cirurgia -que foi um sucesso e retirou toda a parte afetada, segundo os médicos - foram iniciadas as sessões de quimioterapia preventiva feitas em ciclos. "Serão quatro ao todo e estou no segundo", explica Amanda. Óvulos congelados Como estava tentando engravidar, mas descobriu o câncer, Amanda conta que a fundação LIVESTRONG pagou para que ela fizesse o congelamento dos óvulos para poder tentar daqui a 5 anos quando ela terminar o tratamento hormonal. "Automaticamente, primeiro a gente pensa que vai morrer. Foi quando comecei a procurar grupos de a mulheres com câncer de mama na internet e entendi o quanto esse tipo de câncer é tratável", finaliza aliviada. Exames e mamografias gratuitos, além de doações para o combate ao câncer Durante este mês de conscientização do câncer de mama, estão sendo realizadas várias ações preventivas incentivando as mulheres a fazer o autoexame, procedimento de extrema importância para detecção precoce da doença, além de mamografias gratuitas. Um dos locais onde mulheres acima de 35 anos ou com algum sintoma podem fazer a prescrição gratuita da mamografia é na Vip Clinic, em Orlando. Para agendar uma consulta, ligue (407)730-9911 (Vip walk-in Clinic). Os agendamentos estão disponíveis às terças e sextas de 3pm até 6pm e domingos sob consulta. Já para agendar o exame de mamografia, a clínica orienta que a pessoa ligue diretamente para o Florida Hospital pelo número (407)303-2273. - O Jackson Memorial Hospital oferece tratamento gratuito para residentes de Miami-Dade, segundo uma brasileira que passou pela doença. Mas é preciso checar os critérios para qualificação. Um deles varia de acordo com o número de pessoas que moram na casa, por exemplo. Confira no link jacksonhealth.org Doações -A Vip Clinic também está arrecadando doações para mulheres que estão em tratamento. "Chapéus, lenços, faixas e tudo o mais que ajuda no 'look' de quem não precisa perder a autoestima", diz a entidade. Mamografia gratuita Exames de mamografia podem ser feitos sem nenhum custo durante este mês. Confira alguns locais aqui. "Acho que isso (informações sobre a doença e prevenção) tem que ser divulgado de janeiro a dezembro. Outubro Rosa é só um lembrete extra de que as mulheres têm que se cuidar o ano inteiro", encerra Silvestre.