Brasileiro confessa que matou família Szczepanik

Por Gazeta News

Após uma revelação que pegou de surpresa tanto a defesa quanto a promotoria, o julgamento do brasileiro Valdeir Gonçalves Santos foi interrompido. Após Wanderlucia Oliveira de Paiva, esposa do acusado, testemunhar contra o próprio marido, Valdeir resolveu confessar o crime e contar para a polícia como ele, e outros dois brasileiros, mataram a família Szczepanik.

Valdeir teria dito aos detetives que eles estavam certos em quase todos os aspectos do caso, com exceção do local da cena do crime. As autoridades acreditavam que os assassinatos ocorreram em uma casa que eles estavam reformando.

Entretanto, Valdeir disse às autoridades que os crimes aconteceram na residência da família, uma antiga escola no sul de Omaha, que Vanderlei havia reformado para servir como centro de treinamento missionário. Com a revelação, Valdeir se transformou não somente no réu, mas também em testemunha do seu próprio julgamento contra outras duas pessoas que, segundo ele, participaram do assassinato de Vanderlei, Jaqueline e Christopher Szczepanik.

Os experientes advogados disseram que nunca haviam presenciado um caso semelhante. “Certamente eu nunca havia visto alguma coisa como esta”, disse Kleine Don, advogado do condado de Douglas, na Nebraska. A revelação foi ainda mais difícil de ser aceita pela filha adulta de Vanderlei, que passou os últimos 18 meses em Omaha, em busca pela família desaparecida e posteriormente por justiça.

No início da última semana, Tatiane Klein queria apenas que o culpado fosse condenado. Mas na manhã do dia 25, ela se viu dando o consentimento para os promotores oferecerem um acordo que iria dar ao acusado uma sentença de 20 anos – no qual ele serviria apenas 10, em troca de uma confissão.

Em troca, Valdeir prometeu testemunhar contra as pessoas que os promotores acreditam terem sido só mentores do crime, José Carlos Oliveira Coutinho e Elias Lourenço Batista. A promotoria espera apresentar uma acusação oficial contra eles nos próximos dias.

Rodeado por detetives da polícia de Omaha, incluindo o Chefe de Polícia Alex Hayes, Tatiana se sentou na primeira fila para ouvir Valdeir admitir que ajudou a matar os três membros da família Szczepanik. Dez minutos após a audiência, ela se sentou em uma sala de conferência e ouviu a polícia anunciar como Valdeir afirmou ter matado sua família.

Tatiana disse após o anúncio que não estava se sentindo bem. “A única coisa que me colocou em uma melhor condição foi a confissão dele e eu pude ver que ele estava arrependido”, disse completando que espera que a mudança de Valdeir irá levar à condenação de Oliveira e Lourenço.

Depoimento da esposa causa reação no réu

Valdeir permaneceu sem demonstrar nenhuma emoção por quase todo o julgamento. A mudança teria acontecido após o depoimento de sua esposa, Wanderlucia. Ela teria dito que o marido confessou o crime para ela. Valdeir começou a demonstrar alguma reação quando ela falou sobre os filhos do casal, de 6 e 7 anos. No seu depoimento, Wanderlucia contou para o júri como “meu mundo desmoronou” e que “eu somente pensava nas crianças”.

Os promotores também trouxeram à tona que Wanderlucia inicialmente havia negado qualquer conhecimento sobre o assassinato dizendo que ela “não sabia o que fazer na época. O que ele (Valdeir) fez foi muito errado mas ele é o pai de meus filhos”.

A defesa também perguntou se ela pretendia ficar nos Estados Unidos após o julgamento. Wanderlucia disse que ela ficaria porque no Brasil a sua segurança estaria ameaçada pela da família do marido. No dia 25, o juiz perguntou a Valdeir se ele estava compreendendo os direitos que estava abrindo mão, ao aceitar dizer se era culpado ou inocente ou invés de continuar com o julgamento. Apesar de não ser obrigado por lei a fazê-lo, Valdeir disse que iria testemunhar.

Motivo

O réu confirmou o motivo do crime: os funcionários de Vanderlei, suspeitos do crime, estavam com raiva dele por motivos financeiros. Valdeir ainda confirmou a suspeita das autoridades de que o brasileiro Oliveira era a pessoa que tinha o pior rancor do antigo patrão. Valdeir levou as autoridades no dia 24, até o rio onde eles teriam jogado os corpos. Buscas foram feitas no local porém nenhum corpo ainda foi encontrado. Os promotores entraram em contato com a embaixada do Brasil para tentar trazer de volta Lourenço, que foi deportado ano passado, pois a justiça não tinha evidências suficientes de sua participação no desaparecimento da família.