Cães do ‘Service Military’ demonstram sinais de transtorno pós-traumático
Segundo algumas estimativas, mais de 5% dos aproximadamente 650 cães militares utilizados pelas forças de combate americanas estão desenvolvendo TEPT canino (transtorno de estresse pós-traumático). Dentre eles, aproximadamente metade provavelmente será afastada do serviço, disse Walter F. Burghardt, chefe de medicina comportamental do Hospital da Base Lackland da Força Aérea.
Apesar dos veterinários há muito tempo diagnosticarem problemas comportamentais em animais, o conceito de TEPT canino tem apenas 18 meses e ainda está sendo debatido. Mas ele ganhou força entre os veterinários militares, que estão vendo padrões de comportamento problemático entre os cães expostos a explosões, tiroteio e outras violências ligadas ao combate no Iraque e no Afeganistão.
Como os seres humanos com o mesmo transtorno, cães diferentes exibem sintomas diferentes. Alguns se tornam hipervigilantes. Outros evitam prédios ou áreas de trabalho onde antes se sentiam à vontade. Alguns sofrem mudanças acentuadas de temperamento, se tornando incomumente agressivos com seus treinadores, ou carentes e tímidos. Mais importante, muitos param de cumprir as tarefas que foram treinados para realizar.
“Se o cão é treinado para encontrar explosivos que parecem estar funcionando, mas não estão, não é apenas o cão que está correndo risco”, disse Burghardt. “Passa a ser também uma questão de saúde humana.”
O fato de as forças armadas estarem levando a sério o TEPT canino ressalta a importância dos cães trabalhadores nas guerras atuais. Antes usados apenas como sentinelas, os cães militares – a maioria pastores alemães, seguidos por malinois belgas e labradores – agora atuam em várias tarefas especializadas.
Eles são amplamente considerados as ferramentas mais eficazes para detecção de artefatos explosivos improvisados, usados com frequência no Afeganistão. Geralmente feitos com fertilizantes e produtos químicos, contendo pouco ou nenhum metal, essas bombas enterradas podem ser quase impossíveis de achar com detectores de minas comuns. Nos últimos três anos, esses explosivos foram a principal causa de baixas no Afeganistão.
O Corpo das Marinhas também começou a usar cães treinados para rastrear combatentes do Talibã e fabricantes de bombas. Comandos das Operações Especiais treinam seus próprios cães para acompanhar as equipes de elite em missões secretas – como a ação dos SEALs da Marinha que resultou na morte de Osama Bin Laden, no Paquistão. Em todas as forças, mais de 50 cães militares foram mortos desde 2005.
O número de cães trabalhadores no serviço ativo aumentou de 1.800 em 2001 para 2.700, e a escola de treinamento com sede em Lackland está ocupada, preparando cerca de 500 cães por ano. Assim como o hospital Holland, a versão canina do Centro Médico Walter Reed do Exército, no Pentágono.
O tratamento pode ser complicado. Como os pacientes não podem explicar o que está errado, os veterinários e treinadores precisam supor quais foram os eventos traumatizantes. Os cuidados podem ser tão simples quanto afastar um cão das patrulhas e dar a ele muitos exercícios, brincadeiras e treinamentos gentis de obediência.
Gina, uma cadela com TEPT, que foi tema de reportagens no ano passado, foi tratada com sucesso com dessensibilização e foi liberada para voltar à ativa, disse a sargento Amanda Callahan, uma porta-voz da Base Peterson da Força Aérea, no Colorado.
Alguns cães também são tratados com os mesmos medicamentos usados para combater ataques de pânico nos seres humanos. Burghardt afirma que os medicamentos são particularmente eficazes quando ministrados logo após os eventos traumatizantes.
