Carioca dá lição de superação ao correr ultramaratona de 160 km aos 54 anos

Por Arlaine Castro

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Como toda história de superação, a do brasileiro José Alves, 54 anos, traz boa dose de otimismo e perseverança.

Natural de Niterói (RJ), Alves mora há 18 anos em Pompano Beach e conta como uma decisão transformou sua vida de uns tempos para cá.

Sedentário, acima do peso e com dores no joelho, José Alves encontrou no esporte a oportunidade de mudar de vida e provou que não há idade para alterar hábitos e superar obstáculos.

Em 2013, por causa do peso e do sedentarismo, começou a sentir dores no joelho e ouviu do médico que a única saída seria uma cirurgia que, possivelmente, o afastaria do trabalho.

“Eu estava muito gordo e isso me incomodava muito. As dores no joelho aumentaram. Uma cirurgia resolveria, mas eu não poderia continuar trabalhando pregando carpetes, que é minha fonte de renda desde quando cheguei aqui na Flórida”, relata.

Formado como contador no Brasil, Alves tem uma companhia de venda e instalação de carpete, a J. A. Carpet, e, em nome da saúde e para não perder o trabalho, há três anos decidiu mudar completamente o estilo de vida.

Em entrevista ao Gazeta News, Alves destacou como o esporte mudou sua vida e falou da sua satisfação em passar sua história adiante para servir como exemplo.

Gazeta News – Por que você escolheu a corrida? José Alves - Eu precisava mudar meus hábitos, emagrecer e resolver o problema do joelho. Em abril de 2013, com o incentivo de uma amiga, a Tatiane Peçanha, resolvi começar a correr. Ela me falou que uns amigos estavam abrindo uma empresa de eventos de corrida - a Down To Run (DTR) - e me incentivou a correr.

GN – Qual foi o maior desafio? JA - Correr os primeiros 5km. Sempre o início será o mais marcante e decisivo. Foi muito difícil, mas como o meu percurso era menor, terminei e fiquei vendo os outros ultramaratonistas terminarem 50km e pensando como eles conseguiam.

GN – O que você destaca de importante em sua trajetória? JA - A persistência. Depois da primeira, resolvi continuar e participei então de outra, onde corri 10km. Cheguei à linha de chegada dentro do tempo, o que era inédito pra mim. Depois dessa, fiz uma de 16km e assim por diante, aumentando a distância, até que comecei a realmente gostar e resolvi encarar a primeira meia-maratona em Miami. Posteriormente, veio o desafio de participar de uma maratona completa de 42.2 km em Fort Lauderdale, a qual tive muito incentivo e consegui. Depois dessa, superei mais uma corrida de 50km, participei também de uma maratona em Paris e, por fim, da ultramaratona de 160 km na semana passada, em Daytona Beach. Considerada um “desafio gigante”, poucas pessoas no mundo conseguem concretizá-la. Terminei a prova em 30 horas e 17 minutos, o que foi um recorde para mim quando lembro que há três anos eu nem caminhava direito.

[caption id="attachment_133450" align="alignleft" width="300"] Alves ao final da ultramaratona.[/caption]

GN - Já pensou em desistir? JA – Nunca. Mesmo com muitas dores, seguirei sorrindo. Não posso parar porque agora não corro só por mim, mas por muita gente que acredita em uma mudança de vida e em superação.

GN – Como são seus treinos? JA- Os treinos são mais intensos quando tenho alguma corrida pela frente. Treino geralmente de madrugada. Quando está muito quente, começo às 4am, treino de 10 km a 16 km, três vezes por semana. Para a última maratona de 160km, fui treinar nas montanhas do Colorado, com a equipe da DTR, que me patrocina. Durante 15 dias precisei subir ao topo de três montanhas de 14 mil metros para melhorar o condicionamento e a respiração. Também tive ajuda de um personal trainer. Para manter o ritmo normal, corro 10km, três vezes por semana.

GN – Como funciona o patrocínio da Down to Run? JA- Não é um patrocínio financeiro. Eles ajudam com inscrições de corridas, material e treinamentos específicos quando precisa. É uma equipe pequena, mas que tem a filosofia de mudar estilos de vida para melhor. Para correr, não precisa de investimento alto. Eles buscam incentivar pessoas que querem e precisam melhorar o estilo de vida e fazem isso através do esporte. Agradeço a esta equipe que está sempre comigo. Sem eles essa história não seria possível.

GN - O que você considera como mais importante após a mudança de hábitos? JA – Hoje, corro não só por mim, mas por outras pessoas que conhecem a minha trajetória. Gosto de servir como exemplo de superação. É um prazer poder passar o incentivo para que as pessoas mudem seu estilo de vida com qualidade, praticando um esporte sem custos, como a corrida, e, além disso, ganhar condicionamento físico e saúde. Até hoje, perdi 40 libras e o joelho melhorou.

GN – Qual o recado que você deixa para quem também precisa mudar o estilo de vida? JA - Tenha sempre força de vontade para seguir com um propósito. Procure algum esporte prático e barato que goste, como a corrida, que não tem custo algum e pode ser feita na rua, na areia da praia, no condomínio. Sempre vai ter um lugar para praticá-la. O principal é não desistir no primeiro quilômetro e continuar tentando, sempre se superando. Mas, no seu ritmo. Alcançar os objetivos e ultrapassar as próprias metas. Outro dia mesmo eu sequer imaginava correr uma maratona e uma ultramaratona.