Brasileiro é acusado de aplicar golpes no sul da Flórida na área de construção

Por Marisa Arruda Barbosa

Fabiano Moreira
[caption id="attachment_83927" align="alignleft" width="300"] Fabiano Moreira, em um de seus golpes, usou um cheque ligado à conta inválida para pagar pela semana de um funcionário.[/caption]

Um brasileiro está sendo acusado de aplicar golpes em trabalhadores e clientes na área de construção civil no sul da Flórida. Fabiano Antônio Silva Moreira teria usado cheques inválidos no pagamento de funcionários, recebido dinheiro adiantado para serviços que não realizou e, de acordo com a divisão de licenças do condado de Broward, sua empresa não tem mais o direito de funcionar.

Vanderson Nantes foi uma das vítimas. Ele relata que, há mais ou menos 10 meses, trabalhou para Fabiano por uma semana em uma construção em Pembroke Pines, depois que viu um anúncio em um jornal de classificados. “Instalei todo o piso da piscina praticamente sozinho”, relata. Mas no momento de receber $800 dólares que Fabiano lhe devia, Vanderson relata que ele deu primeiro um cheque de $500 dólares. “Ele pediu que eu passasse para pegar o restante dentro de alguns dias na casa dele, em Pompano Beach. Mas, quando cheguei, não havia ninguém na casa. Ele havia sido despejado. Depois eu não consegui mais encontrá-lo”.

Além disso, quando Vanderson depositou o cheque de $500 dólares, descobriu que era de uma conta que não existe mais. “O banco colocou como cheque roubado e eu perdi a minha conta”, disse. “Precisei abrir conta em outro banco e acho que somente dentro dois anos poderei abrir uma conta novamente no Bank of America. Aquela semana foi um sufoco, pois eu não recebi pelo meu serviço”.

Vanderson conta que ficou meses sem ver Fabiano. Há mais ou menos 20 dias ele o viu trabalhando em uma construção em Delray Beach. “Eu perguntei sobre o meu pagamento, e ele disse que eu poderia ir à polícia, que ele não iria me pagar”, relata. “Mas sei que muitas pessoas já foram à polícia e não deu em nada”.

Outras vítimas Um investidor brasileiro que compra, vende e aluga apartamentos ganhou uma ação contra Fabiano, no condado de Broward. O investidor, que preferiu somente usar suas iniciais, J.G., diz que não tem interesse em receber o dinheiro, cuja quantia é de $2.170 dólares. “O que quero é colocá-lo na cadeia”, disse.

J.G. disse que, no ano passado, colocou uma de suas propriedades para alugar. Um suposto interessado exigiu assim algumas modificações no apartamento, tais como troca de piso, entre outras. Ele entregou um cartão da empresa “Fabiano Moreira Services”, dizendo que seria a empresa certa e rápida para efetuar a reforma porque precisava do apartamento o mais breve possível.

A pessoa indicada foi Fabiano Moreira, que apresentou um orçamento para fazer a reforma abaixo do valor de mercado. “Moreira alegou que faria toda a reforma com o material incluído por um preço especial, já que tinha todo o piso de porcelana como sobra de outras obras. Após o combinado, Fabiano descarregou de uma F-150 vermelha um piso de porcelana de ótima qualidade e recebeu um adiantamento”, relata o investidor. “Depois, pediu mais dinheiro para comprar mais material”.

Dias depois, J.G. foi ao apartamento para verificar a reforma e constatou que Fabiano havia retirado o piso descarregado e não fizera a reforma. “Ele desapareceu com o meu dinheiro. Tive a certeza que fui roubado”.

O investidor tentou por inúmeras vezes ligar para o telefone do cartão da empresa “Fabiano Moreira Services”. Finalmente, Fabiano pediu desculpas por mensagens de texto, prometendo devolver o dinheiro. Ele disse que a esposa havia sofrido um acidente de carro e estava no hospital. Depois disso, sumiu, segundo o cliente lesado.

J.G. abriu uma investigação no Broward County Sheriff’s Office e pretende seguir em frente com uma investigação criminal.

Em outro caso separado, Eduardo Moreno diz que trabalhou para Fabiano por uma semana, em outubro do ano passado, e teve dificuldades em receber. “Ele me pagou no primeiro dia e ficou de pagar o restante no final da semana, mas não me pagou. Eu precisei insistir por 15 dias, colocando anúncios em jornais de classificados e no Facebook, até que ele finalmente me pagou em dinheiro”.

Devolução de material O eletricista Antônio Bernardino, conhecido como Tony, diz que não chegou a ter problemas com Fabiano, mas quase. Em setembro de 2014, os dois se encontraram no Home Depot de Pompano Beach e Fabiano pediu a Tony que fizesse uma devolução para ele. Eram vários galões de tinta, no total de $800 dólares. “Eu não quis devolver, pois não queria ficar fichado na loja”. Antes disso, Fabiano contratou Tony para um trabalho em Oakland Park. “Quando cheguei lá, a dona do estabelecimento, que era um salão de beleza, estava brigando com ele, pedindo o dinheiro de volta”, relata. “Eu resolvi ir embora e não fiz o serviço. Depois não o vi mais”.

Reclamações Esther Pereira, do Centro de Assistência ao Imigrante, tem visto algumas reclamações contra Fabiano e outros pequenos golpes. “Muitas pessoas têm medo de reclamar ou por não terem documentos, por não saber inglês ou como reclamar. Mas há várias formas de reclamar e precauções a se tomar”, diz. “Em outros casos, pessoas não sabem que podem procurar um tribunal de pequenas causas e que não é preciso um advogado caro para resolver questões menores”.

De acordo com David Burgueno, investigador-chefe do Environmental Licensing and Building Permitting Division do condado de Broward, em abril de 2014, Fabiano não compareceu à audiência e, além de sua empresa “Fabiano Moreira Services” não ter licença para operar, ficou devendo uma multa de $500 dólares ao condado, que até hoje não foi paga. “Ele não pode trabalhar, já que sua licença está vencida”.

O GAZETA tentou localizar Fabiano em alguns dos telefones cedidos e através do seu perfil no “Facebook”, mas não conseguiu contatá-lo até fechamento desta edição.

O investigador informa que seu departamento aceita reclamações em escrito de consumidores sobre práticas injustas de negócios em geral, incluindo empreiteiros contratados, dentro do condado de Broward. Se você acredita ser vítima em algum desses casos, ligue para (954) 765-4400 ext. 9844, ou mande um e-mail: para hcruz@broward.org.

Segundo Burgueno , quando se faz uma reclamação, é preciso explicar o problema de forma simples e concisa, incluindo cópias de documentos, como recibos, contratos, fotos, prova de pagamento, propagandas e correspondência, entre outros. “Se não pudermos lidar com a sua reclamação e soubermos de outra agência que poderá ajudá-lo, iremos indicar-lhe. Se a pessoa tiver perguntas sobre algo relacionado a consumidores que não seja uma reclamação, também daremos informações que tivermos disponíveis”, destaca David.

Os formulários para reclamações podem ser encontrados também no seguinte link: www.broward.org/PermittingAndLicensing/ConsumerProtection.

Seminário grátis para licenças de empreiteiro Todas as terças-feiras, o Environmental Licensing and Building Permitting Division do condado de Broward faz um seminário gratuito para pessoas interessadas em tirar licenças. O seminário acontece às 9am, no Government Center West (1 N. University Dr. Plantation, FL 33324 - Conference Room 2008 A1-A2). Para mais informações, ligue para: 954-765-4400, ext. 9865 ou envie um e-mail para: Contractor_Lic_Enf@broward.org.