O brasileiro emigrante se - e tem muito a dizer! - Editorial

Por Marisa Arruda Barbosa

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Todo brasileiro emigrante vem por escolha, mas ao se acostumar com a vida fora do Brasil vive no exílio. Depois de passar anos longe, a adaptação no caso de uma volta é difícil, e passa-se pela “síndrome do retorno” ao ter que se acostumar novamente com serviços, a violência, entre outras questões, que são equilibradas com a reaproximação com amigos e familiares.

Quem vive longe, percebe que é possível viver – e muito bem – sem os problemas que afligem os brasileiros. Vou colocar uma lista aqui, mas todos têm o direito de colocar seus itens, afinal, sendo um país continental, cada um tem um ponto de vista. Corrupção, o alto preço dos serviços e dos impostos com um serviço precário em troca, a violência crescente...

Mas quem vive longe continua com o coração brasileiro e mesmo aqueles que dizem que “já desistiram” do Brasil ainda têm familiares ou algum tipo de raiz no país. Por isso, digo que é impossível desistir, mas é difícil quando a escolha de viver fora se torna falta de opção. O brasileiro emigrante tem, por isso, um pouco de exilado. Mas dadas as manifestações que chegaram a pelo menos 25 países, em apoio às manifestações no Brasil, o brasileiro emigrante também está disposto a acabar com isso.

O cansaço do brasileiro contra os “rebeldes sem causa” fez com que demorassem para perceber que as manifestações agora são diferentes. Depois de episódios violentos em São Paulo, no dia 13, foram necessárias diversas retratações.

O próprio comentarista Arnaldo Jabor, que havia publicado um vídeo criticando os manifestantes, chamando-os de “rebeldes sem causa”, voltou atrás em seu programa de rádio da “CBN”. Ele começa o programa com um “Amigos, errei”, acrescentando depois até os motivos pelo qual ele mesmo protestaria.

São lamentáveis, claro, os ocorridos, tanto do lado da polícia repressiva contra manifestantes, pessoas inocentes e a própria imprensa, como do lado dos manifestantes radicais que depredaram o patrimônio público, causando prejuízos em milhões de reais. A maior lição de todas que já podemos tirar desta semana é a força que o povo encontrou para tentar mudar o Brasil; que todos estão, sim, cansados do alto preço por serviços precários; o suposto superfaturamento dos estádios na preparação para os grandes eventos esportivos; a violência.

Uma segunda lição é a educação precária que faz com que milhares repitam bandeiras antigas e ultrapassadas, enquanto aqueles com maior educação e criatividade pensam nas novas formas de lutar por um Brasil melhor.

Como disse um artigo na revista “Forbes”, essa não é uma “Primavera Brasileira”, se pensarmos nos moldes das “primaveras” que ocorreram recentemente no mundo árabe, porque não temos mais que lutar contra a ditadura, mas o brasileiro percebeu que o mundo presta atenção nos grandes protestos. A isso, une-se o foco no Brasil por causa dos eventos dos próximos anos, a começar pela Copa das Confederações. A lista é grande, então, mãos à obra. Vamos começar por uma escolha consciente na hora de ir às urnas?