Brasileiro morto em acidente ia retornar ao Brasil

Por Marisa Arruda Barbosa

2 TRABALHO KLEBER MOTOQUEIROS

A morte de um brasileiro residente em Pompano Beach em um acidente de moto, na madrugada do último sábado, dia 22, causa grande comoção entre os amigos que fez desde que chegou aos Estados Unidos, em 2003.

Kleber Barbosa Peres, de 38 anos, viajava no sentido sul da Interstate 95 quando, na altura da Linton Boulevard, em Delray Beach, às 1:05am, colidiu com outro carro, um Toyota 2009, guiado por Tsai Kuei Chen, de 57 anos, que não sofreu ferimentos.

Kleber guiava uma Suzuki 2007 e levava na garupa sua noiva Viviane Rodrigues Alves, de 30 anos, que teve ferimentos leves e foi levada ao Delray Medical Center. Kleber foi pronunciado morto no local.

Viviane e Kleber estavam se preparando para voltar para o Brasil juntos no Natal. Um dia antes do acidente, Kleber, que era apaixonado por motos, havia ligado para seu pai no Tocantins contando que estava feliz com o sucesso financeiro de seu trabalho com estruturas de proteção contra furacões e deu a notícia que em dezembro deste ano estava voltando para o Brasil para começar novo empreendimento.

Além de Viviane, Kleber deixa dois filhos do seu primeiro casamento, Vitor, de 13 anos e Jullyana, de 17. Versões Familiares e amigos de Kleber ficaram sentidos com a versão publicada em um jornal de classificados local, de que Kleber seria o culpado pelo acidente.

“Notícias sugerindo que ele seria o culpado acabam nos machucando ainda mais, pois eu estava lá, fiquei consciente o tempo todo e vi que Kleber fez tudo o que pôde para evitar o acidente. Tanto que ele caiu da moto de forma suave e quando se levantou para ir para o acostamento, foi atropelado”, relatou Viviane, por telefone ao GAZETA. “Ele sabia que se freasse bruscamente o acidente poderia ser muito pior. Por isso, freou três vezes, o que é o certo a se fazer nesses casos”.

Viviane conta que já viu várias versões do acidente. Uma, do “Sun Sentinel”, que se baseou no boletim do Florida Hwy Patrol, dizendo que Kleber teria tentado ultrapassar outro veículo quando ocorreu o acidente. Outra versão, publicada por jornais no Brasil, diz que Viviane caiu da moto, causando desequilíbrio e que ele teria sido atropelado ao tentar salvá-la.

“Na verdade, o que aconteceu é que estávamos na faixa ao lado da expressa e, um pouco mais à frente, havia um carro branco correndo na linha expressa, que era bloqueado por um carro que ia mais devagar. O carro branco então, sem dar sinal, entrou para a nossa faixa para pegar velocidade, mas havia outro carro, motivo pelo qual precisou frear bruscamente. Kleber então também freou três vezes, até que perdeu o controle da moto”, relata a paulista. “Ele tinha experiência com motocicletas”.

Depois disso, Viviane acabou caindo, quicou no asfalto várias vezes e quando conseguiu saiu correndo para o acostamento. “Quando me virei para ver o que havia acontecido, Kleber já havia sido atropelado por Tsai Chen, que não o viu, já que tudo aconteceu em uma curva e ele não tinha visibilidade”, disse ela, ainda emocionada, um dia depois do velório, que aconteceu no dia 25 e contou com vários amigos.

“Não foi culpa do Kleber e nem do senhor que o atropelou, que ficou em estado de choque. Mas foi culpa do carro branco que saiu disparado. Nem sei se ele percebeu o que causou”.

Segundo Viviane, policiais ainda estão investigando o caso e tentando localizar o carro branco, cuja marca ela não especificou.

Planos de voltar ao Brasil

“Quero que todos guardem na memória aquele Kleber alegre, brincalhão e piadista”, disse Maria Simone Brady, que vive nos Estados Unidos e é amiga de Kleber há pelo menos 25 anos, e que apresentou Viviane a Kleber há três anos.

Segundo Viviane, a mãe de Kleber já estava arrumando um espaço na casa dela no Tocantins para a chegada dos dois no final do ano. “Agora ela irá receber seu filho em um caixão”, lamenta Viviane, que ainda não sabe o que irá fazer, pois ainda está em tratamento por causa dos machucados do acidente. Ela já está tratando de tudo para o traslado do corpo.

“Parece que levei um tapa na cara e ainda não consigo acreditar no que aconteceu”, disse Viviane. “Mas não sabia que tínhamos tantos amigos”.