Brasileiro preso em Deerfield conta sua história ao Gazeta

Por Gazeta Admininstrator

Na matéria publicada no Gazeta nesta terça-feira, o agente especial David Billitier,diz que Oliveira é acusado de ter matado, com vários tiros de calibre 22, em uma emboscada, um policial em São Paulo. Também foi divulgado que ele estava sendo vigiado por agentes da Força-Tarefa de Fugitivos do FBI há uma semana. Já Oliveira, conta outra versão ao Gazeta e esclarece alguns fatos, relatados por policiais a imprensa.

De acordo com Oliveira, policias, marginais e advogados faziam parte da facção Scuderie Le Cocq, que dominava o crime em Vitória, desde os anos 70. Ele contou que estava sendo ameaçado na época, depois de comprar um apartamento no qual os integrantes da mafia, queria que ele abandonasse. “Fiz três boletins de ocorrências na cidade, tenho provas de que tentei fugir da situação, mas cai numa emboscada que me forçou a atirar em um dos integrantes, que era policial, para me defender”.

O crime aconteceu no dia 15 de abril de 1991 na cidade de Vitória e não em São Paulo como relatou os jornais americanos.

Oliveria se apresentou a polícia, 48 horas depois do crime, mas foi liberado por ser réu primário. “Continuei sendo ameaçado então achei melhor fugir para cá (EUA) para não morrer. Consegui um passaporte falso e fui para Boston no mesmo ano.

Vida nos EUA

Oliveira contou que viveu 7 anos em Boston, e 10 na Flórida, e que só teve 2 endereços na América. “Eu alugava quartos para brasileiros e trabalhava com vendas de carros".

Ele nega que tenha trocado de placas, e usado temporárias para poder se locomover, confome a policia informou aos jornais. “Por ter lojas de carros eu tinha placa de “dealer” que usava quando saia com carros da loja, eu nunca fiz isso para me esconder", disse Oliveira.

De acordo com o acusado, nesses 10 anos de Florida, conheceu uma brasileira que já tinha uma filha, e depois engravidou de 2 outros filhos, que ele disse ser dele.

Mas segundo ele, ela não aceitou o registro de paternidade e a partir dai, começaram a enfrentar problemas no relaciomento.

Devido essa briga judicial, de paternidade, ela colocou um “restraining order” nele, e vise-versa. Foi então que o segredo de Oliveira veio a tona.

A mulher com quem ele diz ter 2 filhos, que foram enviados para o Brasil sem o consentimento de Oliveira, descobriu os documentos que ele guardava em casa, referente ao processo do Brasil e entregou a justiça americana e brasileira.

Ele disse que já tinha ido a corte várias vezes por problemas com ela, e que na última vez que foi a corte a juiza ordenou a sua companheira que trouxesse as crianças do Brasil em 2 meses e que providenciasse o DNA em no máximo um mês. “Foi ai que ela acionou a polícia e me entregou, pois não queria fazer os exames exigidos.

“Eu posso ficar preso, mas vou lutar pelos meus filhos que amo, eu não desisto”disse Oliveira.

Ele ainda não foi informado se será deportado este mês, e disse estar tranquilo e em paz, porque em casa ele estava vivendo um inferno com tantas ameaças.

Dia da Prisão

Logo após esta última corte ele recebeu uma ligação “private” de uma pessoa que dizia-se interessada em alugar um quarto, marcando hora para ver a casa. “Eu já sabia que era a polícia e que ela tinha me entregado, fiquei aguardando a prisão, só que a surpresa foi maior. Chegaram na minha casa em Deerfield Beach, FBI, Interpool, Imigração e Sherife. Eram mais de 100 policiais armados com metralhadora e tudo que tem direito”.

Ele ainda não foi informado se será deportado este mês, e disse estar tranquilo e em paz, porque em casa ele estava vivendo um inferno com tantas ameaças.

Saiba mais da Scuderie Le Cocq

A Le Cocq foi acusada de 30 assassinatos políticos cometidos em 18 anos. Além disso, quase 1.500 homicídios anuais que transformaram o Espírito Santo no segundo Estado mais violento do Brasil. Foi criada no Rio, em 1965, por policiais que decidiram vingar a morte de um detetive, Milton Le Cocq. Cara de Cavalo, o bandido que matou Le Cocq, foi exterminado com mais de cem disparos, e seu corpo, coberto com o cartaz da caveira.

A CPI do Narcotráfico indiciou seis delegados da Polícia Civil capixaba e 24 policiais civis como integrantes do crime organizado. Todos eram filiados à Scuderie Le Cocq e são acusados de crimes que variam da receptação de carros roubados e organização de assaltos a banco até homicídios e tráfico internacional de drogas.