Brasileiro que quase foi à boate Pulse relata drama vivido por seus amigos

Por Marisa Arruda Barbosa

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Sair de São Paulo há dois anos para viver em Orlando representava uma sensação de segurança total a Guilherme Gargano, de 21 anos, que sempre teve medo de ataques homofóbicos. Mas, a sensação de segurança mudou depois do ataque à boate Pulse, na madrugada de domingo, dia 12. Guilherme tinha combinado de ir ao local com três amigos porto-riquenhos, mas como estava de ressaca da noite anterior, acabou dormindo.

“Quando deu 3am, mais ou menos, um dos meus amigos que foi me ligou desesperado e perguntou: ‘Onde você está? Tinha um homem atirando em todo mundo na pista, eu pulei o muro para fugir e quebrei o pé, mas perdi de vista os outros dois amigos, por favor, venha me ajudar’”, relata Guilherme, que conseguiu ouvir a troca de tiros entre a polícia e o atirador enquanto tentava acalmar o amigo pelo telefone. “Eu disse para ele encontrar um lugar seguro, foi a única coisa que pude falar naquele momento”.

Guilherme, que é cabeleireiro autônomo, disse que ficou em choque e só foi entender a dimensão do que aconteceu mais tarde. Como a comunidade LGBT de Orlando é muito pequena, ele disse que conhecia muitas das vítimas pelo menos de vista. “As primeiras pessoas que pensei foram em dois bartenders muito conhecidos, mas depois fiquei sabendo que eles estavam no camarim. Eles não ficaram feridos, graças a Deus”, disse.

Não havia muito brasileiros O fato de ser noite latina foi um motivo por não haver muito brasileiros, disse o paulistano. “Os brasileiros não gostam muito de reggaeton, mas se o atentado fosse numa quarta-feira, por exemplo, com certeza haveria vítimas brasileiras. Na noite anterior eu estava com pelo menos 25 brasileiros”, disse.

Ele conta que não conseguiu mais dormir depois do telefonema do amigo e aproveitou para ligar para sua mãe no Brasil para dizer que estava tudo bem. “Com certeza, foi um ataque à comunidade gay. Existem muitas boates em Orlando que estavam ainda mais cheias naquela noite e ele foi justamente à Pulse, que é conhecida por seus shows de drag queens”, disse. “Agora, ninguém fala em festa. Estamos todos muito abalados”.