Brasileiro será deportado após 13 anos de permissão do DHS

Por Gazeta News

nestor e familia 2
[caption id="attachment_143910" align="alignleft" width="300"] A família é do Rio Grande do Sul e está nos Estados Unidos há mais de 20 anos. Foto: Arquivo pessoal.[/caption]

O brasileiro do Rio Grande do Sul, Nestor Marchi, 59 anos, vive como indocumentado nos EUA com sua família há mais de 20 anos e, embora tenha conseguido há mais de 10 anos uma permissão da imigração para trabalhar, em março deste ano, em sua última apresentação ao US Immigration and Customs Enforcement( ICE) na Carolina do Norte, teve a ordem de deportação expedida.

Trabalhador na área de aviação desde os 17 anos, Marchi veio com sua esposa para Miami em 1994 com a esperança de dar uma vida melhor a seu filho e ultrapassou a permanência de 6 meses. A indústria da aviação no sudeste da Flórida estava encontrando problemas, e em 1996 Marchi recebeu uma oferta de emprego em uma empresa em Greensboro (NC).

Marchi foi contratado como mecânico de uma companhia aérea. Em 2004, após uma batida do ICE em seu local de trabalho, foi feito um acordo com o Departamento de Segurança Interna para que ele colaborasse com investigação sobre fraudes e abusos no setor aéreo. Desde então, o brasileiro recebe uma licença de trabalho.

De 2005 a 2012, o gaúcho comparecia mensalmente ao escritório da imigração em Charlotte.Depois de 2012, ele passou a se apresentar uma vez ao ano e informava sua situação para a imigração, atualizava dados e endereço e eles estavam prestes a emitir uma nova autorização de trabalho para ele.

Porém, no dia 10 de março deste ano, ao comparecer para mais um check-in no ICE, ao invés de ter a autorização de trabalho renovada como sempre acontecia, ele foi informado que precisa deixar o país até 15 de junho. A agência ordenou a Marchi que voltasse no dia 31 de maio com a prova de que havia comprado o bilhete para o Brasil.

Além de ultrapassar seu visto em 1994, Marchi tem duas violações de tráfego - uma acusação de licença expirada no condado de Guilford em 2004 e um bilhete de excesso de velocidade no condado de Rowan em 2005.

Como milhares de brasileiros, ele veio em busca de oportunidades. "Meu objetivo era vir para os EUA e dar uma vida melhor para minha família. A vida terminou para mim porque estar aqui por tanto tempo é sinal de que eu estou tentando ser americano agora. Sempre tentei", declarou.

"Você vive toda a sua vida com medo da imigração bater à sua porta. Vive aqui uma vida assustada. É muito difícil porque eu sei que fiz algo errado - eu ultrapassei meu visto. Tudo o que faço é para dar algo à minha família. Eu quero ficar aqui", disse.

Seguindo as ordens, ele já comprou uma passagem para voltar ao Brasil em 14 de junho, mas espera que a imigração lhe dê mais tempo. O gaúcho sofre de insuficiência cardíaca congestiva e diabetes, além de outros problemas médicos e sua família se preocupa com a continuação do tratamento no Brasil, onde o sistema é mais lento e a demora para um atendimento especializado pode ser fatal.

"Conhecendo meu pai e sabendo que ele tem que voltar e não tem nada arranjado, sabendo como é a medicina brasileira, sabendo como o hospital e os médicos são, isso é uma sentença de morte", disse o filho, Andy Marchi, que é bombeiro da cidade.

Embora Andy tenha vivido em Greensboro desde os 7 anos, sua família pagou a taxa internacional para que ele pudesse cursar faculdade. Agora com 30 anos, Andy obteve o status de DACA (Deferred Action for Childhood Arrivals), que permitiu a ele um trabalho no Greensboro Fire Department.

O advogado de Nestor, Jeremey McKinney, está tentando junto ao ICE uma prorrogação da deportação, para que ele possa melhorar sua atual situação de saúde.

Mudanças da imigração

O caso de Nestor aponta para uma mudança significativa na política de imigração do presidente Trump. Descrita em uma ordem executiva de 25 de janeiro intitulada "Reforçar a Segurança Pública no Interior dos Estados Unidos", ela ampliou as prioridades de fiscalização para incluir uma ampla gama de imigrantes indocumentados, incluindo pessoas suspeitas de atividade criminosa e pessoas que tenham cometido fraudes ou declarações falsas intencionais em conexão com qualquer assunto oficial ou aplicação perante uma agência governamental.

Com informações de North Carolina Police Watch e Triad City Beat.