Brasileiro solto pelo ICE terá o maior presente de todos: passar o Natal com a família

Por Marisa Arruda Barbosa

rafael
O brasileiro Rafael Guedes, preso pela imigração a caminho do trabalho em Baton Rouge, na Luisiana, no dia 1 de novembro, não poderia ter imaginado um Natal mais perfeito: ao lado de sua família. Na última quinta-feira, dia 13, ele conseguiu sair da cadeia de imigração na Luisiana ao pagar a fiança de US$10 mil. Dia 22 Rafael estará em Tampa para passar o natal com sua irmã e sobrinhas, que fizeram campanhas para poder pagar a sua fiança. “Faremos uma ceia bem farta para celebrar a volta do meu irmão”, disse Gabrielle Guedes, que mora em Tampa. “As crianças não vêem a hora”. “Eu tinha fé que ia sair dali, mas também tentava não esperar muito e de repente ser deportado”, disse Rafael, que é de São Paulo. “Devo muito à minha irmã e a todos que fizeram um pensamento positivo, além de ajudar financeiramente”. Rafael avalia que em geral teve sorte de ter uma boa juíza no caso, de seu chefe estar presente na audiência, da fiança não ter sido um valor absurdo... “Foi um conjunto de coisas que me ajudou a sair”. Rafael descreve que a sensação de sair da cadeia não tem como descrever. “Eu ria sozinho! Lá dentro você vê que o dinheiro não é tudo. O que adianta ter dinheiro e não ter liberdade?” Em 43 dias preso, era um dia após o outro. “Uns dias você está bem, outros só pensa besteira”. A prisão Rafael conta que no dia em que foi preso parecia que aquilo tinha que acontecer. “Eu nunca passava naquele posto, mas como não abasteci a van do trabalho no dia anterior, resolvi acordar bem cedo e abastecer naquele posto”, disse. O policial parou na frente de Rafael em um carro sem nenhuma marcação e começou a fazer perguntas. Ao ver que Rafael não sabia inglês muito bem, pediu seus documentos e constatou que ele estava ilegalmente no país. “Quando ele me algemou com as mãos para trás eu vi que tinha caído numa fria. Nunca imaginei sair do meu país para ser preso aqui. Nunca cometi nenhum crime. Eu sabia que corria esse risco”. Depois, prenderam também os dois brasileiros colegas de trabalho de Rafael em outra van. “Os policiais ficam de olho em vans de trabalho de construção. Pararam também meus colegas porque estavam em outra van do trabalho”. Primeiro eles foram enviados ao presídio comum. “Eu nunca tinha entrado em um presídio, levei um choque. Tinha muito americano, ficamos um pouco assustados. Depois, fomos enviados para uma prisão de imigração, onde era mais tranqüilo, na medida do possível”. Tratados como ‘gado’ Rafael conta que na cadeia de imigração, parecia que eles eram tratados como gado. “Eles gritam, mandam na gente e nós temos que obedecer”. Apesar de saber que isso poderia acontecer, Rafael, que está nos EUA há pouco mais de um ano, conta que não imaginava que acontecia com ele. “Você vê tanta gente aqui há 10, 15 anos, que nunca foi presa, mas daí isso aconteceu comigo. Mas acho toda a experiência válida”.