Carioca vai ao Rio de Janeiro após 25 anos de batalha pelo Green Card

Por Gazeta News

O carioca Ronaldo Leal Santos tem uma história que muitos imigrantes se identificam: veio aos Estados Unidos há mais de 25 anos, as oportunidades e os novos laços o fizeram ficar, mas enquanto construia uma vida aqui, vivia a dor da saudade de seus familiares no Rio de Janeiro, que não podia visitar por estar nos Estados Unidos ilegalmente. Sua maior dor foi não poder ter se despedido do pai.

Em 1986, Ronaldo Leal Santos, com 27 anos, jamais pensara em sair do Rio de Janeiro. Adorava sua cidade, sua família, e estava feliz com seu trabalho no Unibanco, até o dia em que perdeu seu emprego. No mesmo ano, por coincidência, Santos se conectou com a irmã de um ex colega de trabalho que vivia em Albany, Nova York, que lhe contou das facilidades da vida na América, prometendo até trabalho e moradia. Ao chegar em Nova York, Santos pensou que receberia ajuda de um brasileiro que, no entanto, disse não poder mais comprir com o prometido.

Santos se viu em desespero: não conhecia ninguém, não falava sequer uma palavra de inglês, tinha apenas 800 dólares no bolso e estava hospedado em um hotel caro. Até que conheceu uns brasileiros e um americano professor de português. Eles se sensibilizaram com a angústia de Santos e o ajudaram, levando-o para um hotel mais econômico e melhor situado para que Santos procurasse emprego.

As oportunidades começam a aparecer

Santos logo conseguiu um trabalho de pintor, começou a estudar inglês, arrumou outro emprego, como dishwasher, e assim foi se adaptando até que cinco anos depois, já vivendo em Maryland, ajudou a trazer dois irmãos para os EUA. Poucos anos depois, os irmãos se casaram com americanas e se legalizaram. Santos, no entanto, com mais de 10 anos nos EUA, permanecia ilegal e iniciou um processo de asilo político em 1996.

Este processo, que na época lhe garantiu seguro social e autorização de trabalho por 5 anos, levou-o no final a um processo de deportação em 2001. Durante o processo de asilo, Santos também chegou a se casar com uma americana, mas o casamento não durou, e o processo foi abandonado.

Santos, então vivendo em Naples, na Flórida, com medo de deportação após 15 anos em um país no qual criou fortes laços, conheceu a advogada Iara Morton, que pegaria então seu primeiro caso de deportação.

Morton conta que conseguiu cancelar o processo de deportação de Santos na primeira audiência, mostrando ao juiz que o mesmo estava devidamente protegido pela lei 245(i) através da petição I-130 que a ex-esposa havia protocolado bem antes de 30 de abril de 2001 (conforme reza a lei), e que portanto estava qualificado a buscar seu ajustamento de status através de um processo de certificação de trabalho.

“Foi necessário fazermos dois processos de certificação de trabalho, e no segundo, logo após aprovação da petição do empregador (I-140) em 2005, houve o retrocesso de data que fez com que os vistos não mais estivessem disponíveis para imediato pedido de ajustamento”, relata Morton. “Foi muito triste, pois novamente Santos teve que encarar uma longa espera”.

No entanto, por erro do departamento de imigração, uma breve abertura de vistos em julho e agosto de 2007 tornou possível que se protocolasse os pedidos de ajustamento de status em favor de Santos e de sua esposa Joselma Santos. Ainda assim, Santos não podia sair do país até obter o Green Card, e sofreu profundamente por não estar presente no falecimento do pai, no Rio de Janeiro, em 2008.

Passados mais alguns anos, entre pedidos adicionais e delongas do USCIS, finalmente chegaram via correio os Green Cards de Ronaldo e Joselma, em casa, sem sequer serem entrevistados. Foi então que o carioca realizou o sonho de visitar sua cidade natal e abraçar os parentes que não via há mais de 20 anos.