Brasileiros falam sobre o impacto na rotina e nos negócios por causa do coronavírus

Por Arlaine Castro

E como trabalha com produtos perecíveis, não tem como estocar para daqui a alguns meses. Por isso, a tática encontrada por Muller é continuar atendendo os eventos da semana e adiando pedidos aos fornecedores. "Então, eventos para esta semana já estão pagos e as flores já chegam esses dias. Não tem como cancelar os pedidos com os produtores e atacados. É uma bola de neve. Estou resolvendo um problema de cada vez", salienta. A empresária explica que cada evento cancelado pode gerar um prejuízo de até US$3.000 contando todos os gastos com horas trabalhadas, pagamento dos ajudantes, motorista, etc. Por isso, a estratégia adotada por ela está sendo tentar ao máximo negociar uma remarcação ao invés do cancelamento dos eventos agendados. "O prejuízo para remarcar é menor para todos os envolvidos. Até agora tivemos sucesso, mas hoje mesmo já recebi outro email de uma noiva com evento para outubro que está muito preocupada e pode cancelar. Estamos todos juntos nesse barco. Estamos em estado de emergência e ninguém pediu para ser colocado nesta situação. Precisamos trabalhar juntos para achar uma solução", pondera. Viagem cancelada Ficar em casa sem trabalhar ou trabalhando parcialmente, com crianças sem escola e sem poder sair para locais com grande número de pessoas como shoppings e restaurantes. As atividades extra-curriculares das crianças e adolescentes também foram canceladas. Além disso, muitas famílias que estavam com viagens marcadas para aproveitar as férias da primavera precisaram mudar os planos, como Muller, que estava com viagem marcada para Nova York com os filhos e cancelou. "Estávamos com viagem marcada para NYC mas cancelamos por causa do vírus. New York está parada. Assim como Orlando também com o fechamento dos parques. Está atingindo a todos", analisa. "Não podemos parar e ficar em casa se tem criança em perigo" Já para Elise Marie Silva, que trabalha como investigadora de Proteção à Criança para o estado da Flórida em Sarasota, a rotina de trabalho não tinha mudado até a quarta-feira, 18. Para ela, que trabalha direto nas ruas e em contato com famílias, foi determinado que trabalhe de casa cumprindo audiências por telefone com juízes. "Ninguém pode ir ao tribunal pelos próximos dias", destaca. E explica ainda que as denúncias tendem a aumentar com crianças em casa em período integral. "Quanto mais crise, mais abuso de criança por causa do estresse pelo que passam os pais", conta a brasileira. Segundo Silva, ela também precisou cancelar uma viagem que faria para New Orleans e terá reuniões e treinamentos via Skype nas próximas semanas. "Podemos ficar um mês sem trabalhar" Fernanda Nis mora em Boca Raton e conta que já teve vários cancelamentos de serviço na companhia de limpeza em que trabalha. O marido trabalha em uma empresa de construção que também está tendo cortes nos serviços. Com menos trabalho, ela já analisa que vai precisar cortar alguns gastos e ficar em casa com a filha, que estuda em uma escola particular e ainda continua no ritmo normal de aulas. "Eu vou ter que parar de trabalhar e tirar minha filha da escola porque é particular e o dinheiro não vai dar. Meu esposo vai continuar trabalhando, mas se também for cancelado de vez, as coisas podem se complicar. Podemos ficar um mês sem trabalhar, temos comida, remédios e dinheiro para esse período. Mais que isso não sei como vamos fazer", desabafa.