Por: Marisa Arruda Barbosa
O brasileiro imigrante tem que explorar o ator dentro de si e encontrar aquilo que o faz único para contribuir para o país que escolheu. O sotaque, o jeito diferente de lidar com pessoas, os traços físicos que os torna exóticos, são características que podem levá-lo ao sucesso. Existem três atores brasileiros, que provavelmente não se conhecem, mas estão, cada um de seu jeito único, levando essa singularidade aos palcos e às câmeras dos Estados Unidos.
Já viu aquele comercial da cerveja Heineken, que o mocinho esperto chama a avó da moça que paquera para dançar? Ele é o paranaense João Bounassar, com um rosto cada vez mais conhecido não só na TV como nos cinemas. Se está mais inteirado do teatro em Miami, deve ter visto em cartaz o novo espetáculo do “ARTSPOKEN”, o monólogo “La Vida”, estrelado pelo maranhense Alberto Danúzio. Ainda temos a carioca Cláudia Vassimon, que resolveu, há um ano e meio, sair da Flórida e batalhar por sua carreira de atriz em Hollywood.
Conheça cada um dos atores:
Cláudia Vassimon
Cláudia Vassimon se formou em dança no Rio de Janeiro e depois de apresentar-se com grandes nomes do teatro no Brasil, resolveu encarar o desafio de ampliar seus conhecimentos nos Estados Unidos. Aqui, fez workshops, coreografou espetáculos de dança em Atlanta e, em 2009, passou em um teste para um grupo de teatro em Fort Lauderdale chamado Pinacle Actors. O projeto do grupo visava apresentar um espetáculo para empresários e agentes em Los Angeles. No entanto, Vassimon teria que pagar $4.500, o que incluía o hotel e cachê dos empresários que iriam ver o show, para quem sabe ser escolhida por um empresário. Vassimon fez de tudo para conseguir o dinheiro: contou com divulgação no Gazeta e até vendeu água nos faróis de South Beach. A batalha nunca foi fácil, mas isso fez com que fosse escolhida por uma empresária em Hollywood, para onde se mudou com seu marido. A batalha de Vassimon ainda é longa e tem sido intensa atrás de patrocínios para o teatro e indo a audições para comerciais. No ano passado ela dirigiu, escreveu e produziu a peça “Confessions of Relationshits”. “Muita gente chega em Hollywood, mas muita gente também desiste”, disse Vassimon, adicionando que não há muitos brasileiros em Hollywood. “Isso aqui é um negócio, e não depende só de talento, mas eu tenho garra e não vou desistir”.
João Bounassar
João Bounassar começou sua carreira cedo, ainda no Brasil, quando estreou em uma novela quando tinha 12 anos. Desde então, sempre esteve envolvido com teatro, TV, comerciais, como modelo, etc, e conseguiu uma bolsa para um workshop de atores na TV Globo, que terminou aos 19 anos. Até na escola sempre tentou envolver teatro com estudos. “Uma vez, acho que na oitava série, eu misturei teatro com história, e fiz uma peça sobre um trabalho de mitologia grega”, conta. A paixão de Bonassar toma proporções cada vez maiores. Por ser jogador de tênis profissional, conseguiu uma bolsa de atleta para estudar nos EUA, e se formou em 2007 em Ciências Biológicas, na Flórida Atlantic University. Embora sua formação não tenha muito a ver com o teatro, Bonassar afirma que tudo contribuiu para que desenvolvesse sua própria técnica como ator. Assim foi participando de diversos curta-metragens, dublagens, séries de TV e comerciais, como o da Heineken, do KFC, Hayneedle, todos com o papel principal. Agora, está animado com o longa-metragem em que participou, Rendezvous, cuja estreia será em Atlanta, em 21 de abril. E em setembro será a vez de outro longa-metragem, “A Mistaken Look”, uma comédia romântica. E ainda há chances para assitir a peça de teatro em que está participando, o “The Laramie Project”, que irá até o dia 26 de fevereiro, às quintas, sextas e sábados. Informações: The Laramie Project – Andrews Living Arts Studio – 23 NW 5th St., Ft. Lauderdale, FL 33301. Informações: 954-647-2409. Preço: $10 (estudantes com menos de 18 anos); $15 (senior, maiores de 62 ou com apresentação de carteira de estudante); $20 para outros. www.AndrewsLivingArts.com
Alberto Danúzio
O ator Alberto Danúzio estreou no mês de janeiro em Miami o monólogo “La vida”, escrito por William Shakespeare, apresentado em espanhol. O espetáculo ficou em cartaz por todo o mês de janeiro e fevereiro, e foi muito bem recebido pela crítica. Danúzio diz ter planos cada vez mais audaciosos com o texto de William Shakespeare. O primeiro deles é traduzir sua apresentação para inglês e português, nos meses de março e abril para poder atingir um público muito maior no Estados Unidos. Depois, a intenção é de levar “A vida” para as telas do cinema, adaptando o texto para um roteiro que contará a história de um ator, que depois de falar da vida para o seu publico, decide se matar. “Seria um drama, porém com romantismo e o toque de comédia que tanto me caracteriza”, afirma. O teatro ARTSPOKEN, que em 6 meses de fundação já apresentou mais de 20 distintas produções, pouco a pouco vem se convertendo em um espaço cultural cada vez mais brasileiro. Em novembro, a atriz paulistana Ana Paula Apollonio protagonizou o “Suicidame”, no mês seguinte foi o carioca Marcio Conceição em “El dado job”, do qual Danúzio também participou.
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