Brasileiros "presos" pela pandemia nos EUA lutam para voltar para o Brasil

Por Arlaine Castro

Daniele Buruaem
me virar", desabafa. E alega que a companhia mentiu sobre voos para o Brasil. "Desde o início dos cancelamentos, me disseram que não estava tendo voo algum para o Brasil e alegaram que o governo brasileiro proibiu estrangeiros de entrarem no país. Mas expliquei a eles que a regra é clara quando diz que tripulantes e passageiros em conexão podem e brasileiros poderiam voltar para o seu país. O que também dava para saber que era  mentira porque a Azul e a United estavam atuando normalmente nessa pandemia".  Estresse emocional Segundo ela, além do prejuízo financeiro por não ter mais dinheiro para se manter, a situação desencadeou um grande estresse emocional a ponto de precisar ser acompanhada por psicólogos de um programa gratuito específico para a ocasião. "Todos estes momentos estressantes acarretaram em mim uma vulnerabilidade emocional. Hoje estou cadastrada num programa gratuito para brasileiros de psicólogos e psiquiatras que atendem pessoas que estão em quarentena no exterior", menciona. Autônoma, Buruaem conta que trabalha com produção de eventos, coordena projetos sociais e atua como modelo. Apesar de estar hospedada na casa de uma amiga, não estava preparada para se manter por mais um mês. "Sofro de intolerância à lactose, enxaqueca e ansiedade, consigo controlar tudo isso com atividade física e alimentação balanceada, mas aqui e nessa situação, não estou conseguindo". Como última informação vinda da cia aérea, o seu retorno foi remarcado para 15 de maio. O Gazeta News entrou em contato com a Aeroméxico no Brasil e foi informado de que os voos entre Estados Unidos e Brasil estão sendo operados uma vez por semana em cada rota, saindo dos EUA somente às sextas-feiras e na rota contrária aos domingos. E entende que o caso da brasileira seja devido à redução dos voos. "Só mandam a gente 'aguardar'"  Pilar Franco, 67 anos, veio de Santos (SP) visitar a filha e o genro que moram em Miami e era pra ter retornado também no início deste mês. "Quando os locais começaram a ser fechados já fazia 15 dias que eu estava na Flórida. Cheguei dia 1° de março e teria que voltar dia 3 de abril. Minhas passagens foram compradas pela American Airlines. Devido ao cancelamento das viagens internacionais, fiz contato com a empresa várias vezes e não obtive retorno, só recebia mensagens que era pra aguardar. Faltando dois dias pro (sic) embarque recebi e-mail dizendo que meu voo havia sido cancelado que era pra aguardar. Depois disso remarcaram o voo para o dia 8 de maio, ou seja, 34 dias depois!", detalha. Além da distância e preocupação com o resto da família que está em Santos, como trabalha com vendas de joias e semi-joias, Franco disse que ainda não parou para calcular o prejuízo financeiro. "Tive que desmarcar reuniões com os representantes das fundições quando seria pra escolher as mercadorias para o dia das mães - uma data que vendo muito", relata. Como os milhares de brasileiros que aguardam mundo afora o retorno, Franco disse que jamais imaginaria que chegaria a esse ponto. "Não havia nada referente a contaminação nos EUA ou Brasil ainda quando eu vim. Nem de longe imaginava que iria passar por tudo isso! Ninguém poderia pensar na proporção que essa pandemia alcançou! Eu nem viria pra cá sabendo disso, iria transferir a passagem pra outra data, afinal minha família toda está em Santos e fico muito preocupada", desabafa. "Minha filha está grávida e eu sou pessoa de risco pela idade, estamos em quarentena direto. Eu me pergunto, se não tivesse lugar pra ficar, como seria?", finaliza. O Gazeta News entrou em contato com o Consulado do Brasil em Miami para saber sobre a situação dos brasileiros que aguardam na Flórida o retorno, mas não houve resposta até a publicação desta edição. Brasileiros pelo mundo aguardam repatriação E não é só nos EUA que brasileiros pedem ajuda para voltar ao Brasil. São pelo menos 7 mil que ainda aguardam repatriação ou voo de volta. Um grupo de 30 brasileiros ficou acampado no aeroporto de Lisboa sem assistência e sem data de retorno ao Brasil desde o dia 25. Os que estavam em situação mais grave de saúde foram colocados em voos que ainda operam após muita insistência com o consulado e o Itamaraty, mas até o momento, ainda há integrantes do grupo aguardando repatriação, segundo informação do UOL. Medida provisória em votação para ajudar na repatriação dos brasileiros O Plenário do Senado está para votar em sessão remota, a medida provisória apelidada de “A Hora do Turismo” (MPV 907/2019) que reformula a Embratur, transformando-a numa agência de serviço social autônomo, e a Câmara dos Deputados incluiu no texto a possibilidade de a Embratur contribuir na logística de repatriação de brasileiros que não conseguem voltar ao país por causa da pandemia da covid-19. Se aprovada, a MP precisará passar por sanção do presidente da República. Os números de contato de emergência no exterior estão disponibilizados no link (http://www.portalconsular.itamaraty.gov.br/no-exterior/plantao-consular-3) Leia também

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